A Munganga Promoção Cultural

A MUNGANGA PROMOÇÃO CULTURAL: O Brejo Isso!

quarta-feira, 17 de julho de 2019

O PRIMEIRO CRIME DE LAMPIÃO NO CARIRI CEARENSE

Em 31 de janeiro de 1927 (segunda-feira), Lampião e seu bando, livres de qualquer perseguição, passam pelo sítio Salvaterra em Brejo dos Santos (atual Brejo Santo), com destino ao tabuleiro da Serra do Araripe.

Logo depois, ainda nas horas mortas da noite, veio a volante cearense do tenente José Gonçalves Bezerra que, quebrando à esquerda do Salvaterra, buscou o sítio Guaribas, já em Porteiras, seu real objetivo: dar cabo ao Cel. Chico Chicote, Nêgo Marrocos e os homens do Salvaterra.

Aqui é importante mencionar que no início de janeiro de 1927, Lampião e seu bando passaram por duas vezes no Cariri nesse mesmo mês, sendo que inicialmente, vindos de Pernambuco, em direção a Paraíba e na volta, aconteceu o episódio que está sendo relatado. Lampião e seu bando apesar de terem entrado no Ceará livres de qualquer perseguição, na verdade, eles já vinham fugindo das forças volantes do Pernambuco, da Paraíba e do próprio Ceará. Ainda no mês de janeiro de 1927, na Paraíba, Lampião na tentativa de acertar contas com Marcolino Diniz, pois havia deixado sob seus cuidados, dinheiro e joias, teria dificuldade para chegar à região da Fazenda Patos, próximo à Princesa Isabel, onde fora expulso em 1924. A meio do caminho entre os povoados de Santa Cruz e Patos, no Sítio Sozinho, de Andrelino Inácio, o bando faz parada e é atacado pelos soldados contratados Raimundo e Chiquito, ao qual são fuzilados e queimados com coivara e querosene. No dia seguinte, o coronel Zé Pereira, enfurecido, reúne seus auxiliares e expulsam o bando da região.

Logo no início de janeiro, na primeira passagem pela região, Sabino Gomes foi à Serra do Mato encomendar a Júlio Pereira, um punhal grande com lâmina de espada, cabo enterçado de prata com alianças de ouro e bainha de níquel. Além dessa encomenda, Sabino queria ainda a confecção de vários fardamentos para seus cangaceiros. O Lugar-Tenente de Lampião forneceu ao intermediário, dinheiro mais que suficiente para as encomendas já citadas e também para aquisição de dois sacos de balas. receberia tudo oportunamente, na próxima passagem pela região. (LUCETTI, 1995).

Com isso, voltando da Paraíba, estando entre 80 e 115 homens e todos montados, entraram no Cariri cearense com um sequestrado trazido do Estado vizinho, que conseguiu escapar posteriormente, com a confusão gerada pelo Fogo de Ipueira dos Xavier.

Uma vez no planalto da Chapada do Araripe, depois de terem desfrutados um cesto de mangas ofertado por dona Celina, esposa de Antônio Gomes Grangeiro, no sítio Salvaterra, Lampião e sua cabroeira mataram a sede dos seus animais na lagoa da Malhada Funda, já no município de Missão Velha. Já era 1° de fevereiro e por volta das sete horas da manhã, o Ten. José Gonçalves Bezerra inicia o massacre a Chico Chicote, também assinando Nêgo Marrocos, o próprio Antônio Gomes Grangeiro e seus jagunços, que ficou conhecido por Otacílio Anselmo como a Tragédia das Guaribas. Da Malhada Funda, ouvia-se o pipocar dos tiros nas Guaribas.

Em seguida, Lampião procurou o sítio Serra do Mato, onde não encontrou o coronel Santana, seu protetor e nem Júlio Pereira, para receber suas encomendas feitas dias atrás. Por isto, Lampião ficou irritado, pois dera viagem perdida. Nem dinheiro, nem munição, nem fardamento, quando seu grupo precisava das três coisas. É sabido que Lampião guardava joias e dinheiro no cofre do seu amigo, coronel Santana.

Escombros do casarão do coronel Santana, Serra do Mato, em Missão Velha - CE.

Contrafeito, no dia seguinte, 02 de fevereiro, Lampião atravessou a Chapada do Araripe, guiado por um morador de Antônio Coelho, chegando ao barreiro das Cacimbas, serra de Jardim, ponto de encontro dos vaqueiros de todo o Cariri. 

Para quem não estava a par dos acontecimentos, estabeleceu-se grande confusão. Lampião não poderia estar ao mesmo tempo em Guaribas e Cacimbas, separadas por seis léguas, quando o tiroteio continuava aceso e intenso nas Guaribas.

Em dado momento, conversando ao lado de uma cerca, à margem do barreiro esperando gado, os vaqueiros foram surpreendidos com a aproximação de um bando de cangaceiros. A seguir, outro grupo surgiu no lado oposto, tendo a frente Lampião. Nisto, seu guia disse que um dos vaqueiros era Pedro Vieira Cavalcante, proprietário da fazenda Apertada Hora (Serrita - PE), vaqueiro do seu próprio gado, que tinha amigos e compadres em Jardim, que ficava dali a mais ou menos duas léguas. Estava, assim, selada a trágica sorte do fazendeiro-vaqueiro.

O outro vaqueiro era Vicente Bezerra de Menezes (Vicente Venâncio) que, esperto, ludibriou os cangaceiros e fugiu a pé, arrastando-se pelo chão e depois em desabada carreira, por dentro da mata, sumiu.

O terceiro vaqueiro era Mauro de seu São, da família Sá Barreto (Barbalha), que, por ser jovem, foi encarregado por Lampião de levar até Jardim o pedido de resgate pela liberdade de Pedro Vieira Cavalcante, com recomendação do mesmo ser entregue ao Intendente local, coronel Dudé, José Caminha de Anchieta Gondim (pai do monsenhor Dermival de Anchieta Gondim), conceituado boticário da cidade, e ao senhor de engenho Urias Novaes, por ser rico e compadre de Pedro Vieira Cavalcante. (1)

O quarto vaqueiro era José Luiz, que continuou detido pelo bando, sendo solto por volta de meio dia, quando Lampião resolve levantar acampamento e partir para o rumo de Jardim.

Juntar cinco contos de réis em Jardim não era tarefa fácil, sobretudo porque ali não havia banco. O dinheiro teria de ser conseguido com donativos dos amigos do prisioneiro. Lampião ficou esperando o resgate lá mesmo, na baixa das Cacimbas.

Como o resgate custasse a chegar, Lampião mandou avisar que ficaria esperando a resposta ao seu pedido na fazenda Barra da Forquilha, ainda em Jardim, em seguida entrando no estado de Pernambuco conduzindo o prisioneiro.

Em jardim os homens ricos da terra se cotizavam até que conseguiram juntar três contos de réis, remetidos para a fazenda Barra da Forquilha pelo marchante José Pedro "Rabada", que seguiu a cavalo.

Pois bem, um vez na Barra da Forquilha, Lampião deixou Pedro Vieira Cavalcante sob a guarda do cangaceiro Balão e seguiu com seu grupo para a vila de Ipueiras dos Xavier, sendo recebido por 14 homens e farta munição, acabou perdendo o combate, como aconteceria na vila Belém do Arrojado, atual Uiraúna - PB, em 15 de maio de 1927, como também em Mossoró - RN, em 13 de junho de 1927.

Com pouca munição e sem dinheiro, Lampião bateu em retirada, buscando os sertões pernambucanos de Leopoldina, hoje Parnamirim, mas antes de sair, o cangaceiro Balão matou Pedro Vieira Cavalcante com um tiro no ouvido, que ainda estava encourado com as vestimentas de vaqueiro. Momentos depois chegou o dinheiro do resgate, já fora de tempo, infelizmente. Já era 03 de fevereiro de 1927.

Segue uma análise de Napoleão Tavares Neves sobre a morte de Pedro Vieira Cavalcante, inserida no livro Cariri Cangaço, Coiteiros e Adjacências, Crônicas Cangaceiras, págs. 46 e 47, editora Thesaurus, Brasília, 2009:

Em fevereiro de 1927, deu-se o assassinato frio de Pedro Vieira Cavalcante, nas proximidades do povoado de Ipueiras, município de Leopoldina, à época (2). O bando de Lampião o prendera no lugar Cacimbas, na chapada do Araripe, e o levou até o lugar, onde o matou com sanha brutal.

Por que, desta vez, Lampião não teve atenção ao padre Cícero? Sim, por que? Simplesmente por isto: Lampião não mexia com o Cariri porque não era besta de cortar o aberto canal de comunicação, onde se abastecia de armas e farta munição. Só isto! Lampião era ignorante, porém inteligente! Se ele entrasse no Cariri atirando a torto e a direito, fecha-se-ia para ele o caminho para a Serra do Mato, fonte inesgotável de suprimento para seu bando. Não era em atenção ao padre Cícero a quem ele, obviamente, tinha atenção como todo sertanejo, mas não a ponto de, por causa dele, não mexer com o Cariri. É mais uma balela criada por historiadores.

Pois bem, Pedro Vieira foi aprisionado em Cacimbas que é Jardim e Jardim é Ceará. Onde, pois, a atenção de Lampião ao Cariri, por causa do padre Cícero?! Pedro Vieira foi levado por Lampião pela fazenda Barra da Forquilha e morto com um tiro no ouvido, desferido pela cangaceiro "Balão", no povoado Ipueiras dos Xavier. E aqui uma pergunta: - Por que sempre "Balão", nessas execuções?

Portanto, desta vez não apareceu em Lampião a atenção ao padre Cícero, simplesmente porque, chegando a Serra do Mato, não encontrou nem o coronel Santana, nem Júlio Pereira, ficando desesperado, sem dinheiro e sem munição. Perdeu o "Fogo de Ipueiras" contra 14 homens dos Xavier, cada um com 400 cartuchos. Gente alegre, inteligente, disposta e aguerrida, a família Xavier deu sobeja demonstração de decisão. E no fragor da luta ainda gritavam: "Bota uma retaguarda, compadre Chico Romão", cujo irmão Romão Sampaio Filho era genro do chefe dos Xavier, coronel Pedro Xavier, delegado de Polícia da vila de Ipueiras. Repito: Ipueiras, perdida nos confins dos sertões pernambucanos, antecipou-se a Mossoró (e a Uiraúna), rechaçando Lampião.

E este é considerado o primeiro crime praticado por Lampião e seu bando no Ceará, na chamada "Era Lampiônica".


Segue entrevista cedida por Vicente Bezerra de Menezes, o vaqueiro que conseguiu fugir do cerco de Lampião ao barreiro das Cacimbas, e publicado pelo jornal O Ceará. Nessa entrevista, temos a sua versão para os acontecimentos ocorridos.

Fonte: Hilário Lucetti e Magérbio de Lucena em
Lampião e o Estado Maior do Cangaço, 1995.
Acervo de Ângelo Osmiro.


"JORNAL DO RECIFE, SÁBADO, 12 DE MARÇO DE 1927

MAIS UMA FAÇANHA DE LAMPIÃO

Sobre esse título transcrevemos d’O Ceará , jornal que se publica em Fortaleza a seguinte entrevista:

“O QUE NOS DISSE UM CRIADOR DE JARDIM QUE FOI PRISIONEIRO DO TEMÍVEL BANDIDO – UM CRIADOR FUZILADO PELOS BANDOLEIROS – COMO NOSSO INFORMANTE EVADIU-SE - OUTRAS NOTAS

Por ocasião da sua visita ao Ceará que serviu de pretexto à inominável carnificina de Guaribas, Lampião, o célebre bandoleiro, e o seu sinistro grupo cometeram toda sorte de crimes.

Achando-se nesta capital desde quinta-feira última o Sr. Vicente Bezerra de Menezes, criador em Jardim, que foi uma das vítimas do célebre cangaceiro, que o fez prisioneiro por muitas horas, procuramos ouvi-lo, o que conseguimos ontem na redação desse jornal.

Entretivemos com o ex-prisioneiro do capitão Virgulino a seguinte palestra:

- Pode dizer-nos a fim de transmitirmos ao público, como foi aprisionado por Lampião?

- Pois não. No dia 10 do corrente (dia 02 de fevereiro de 1927), achávamos eu, Pedro Vieira, José Luiz e outro companheiro de nome Mário do lugar Baixa das Cacimbas, examinando diversas cabeças de gado, quando, precisamente às sete horas da manhã, fomos cercados pelo grupo de Lampião, chefiado por este sendo composto por cerca de oitenta bandidos.

Apavorados, não tivemos um gesto de defesa. Ninguém tentou fugir. Todos ouvimos aterrorizados a voz de prisão.

- Todo bando estava montado?

- Admiravelmente montado. Todos os cangaceiros estavam armados de fuzil mauser e rifle, Lampião trajava roupa de casimira e chapéu americano.

- O que deseja os bandidos?

- Depois de dar-nos voz de prisão, mandou Sabino, seu lugar tenente tomar-nos os cavalos. 

Em seguida, o temível bandoleiro, com voz arrogante, dirigiu-nos a palavra perguntando: - Quem é Pedro Vieira?

O nosso companheiro respondeu com a voz sumida: - Sou eu.

O bandoleiro, desmanto-se se dirigiu a Pedro Vieira, dizendo-lhe que o mesmo era seu prisioneiro e seria fuzilado caso não mandasse cinco contos de réis.

O nosso companheiro declarou a Lampião que era pobre e não dispunha daquela quantia, pedindo-lhe, por isso, que reduzisse para dois contos de réis o preço de sua liberdade.

Com um riso sarcástico, o cangaceiro respondeu que ninguém o enganava e que sabia, perfeitamente, por informação segura, que Pedro Vieira tinha regular fortuna. Fingindo generosidade, o bandido apontou para outro prisioneiro trazido da Paraíba, dizendo: - Eu podia cobrar mais pela vida, mas só peço cinco contos. Por aquela que está ali, que é dos Marçal, da Paraíba, eu pedi quinze contos e o dinheiro tem que vir. Do contrário ele morre.

Diante de tão crítica situação, o nosso companheiro Mário ofereceu-se para ir buscar a importância pedida para o resgate.

Lampião concordou com a proposta, recomendando a Mário que não fizesse alarma em Jardim. Combinou que sairia ao meio-dia para a ladeira de Belém, onde esperaria pelo dinheiro. O cangaceiro mandou entregar um cavalo a Mário, que partiu a toda brida para Jardim.

Logo depois, Lampião matou, com um tiro de rifle, um boi, ordenando a um cabra que sangrasse o animal e lhe tirasse o couro.

Nesse momento, Sabino interveio, pedindo: - Capitão, mate outro porque um só não chega. São 115 homens.

O pedido foi atendido. Triste, sentado a um canto, ouvindo insultos dos bandidos, pensava em conseguir um meio de fugir, quando foi interpelado pelo Capitão, que comigo travou o seguinte diálogo: 

- O senhor é mesmo de Jardim.

- Sou.

Ao ouvir essa afirmativa, um cangaceiro disse, rindo-se: - Temos peixe no anzol! Lampião continuou o interrogatório, que era para mim um suplicio. 

- É verdade que meus irmãos estão presos em Jardim?

- Não. Soube que eles passaram por ali conduzidos por uma força de polícia.

- Quem era o oficial que comandava a escolta?

- Não estava em Jardim e por isso não sei informar.

- Eu sei quem, mas queria ter certeza. Disseram-me que foi o sargento Firmino. Esse canalha terá que ajustar contas comigo. Eu tenho fé em Deus que ainda nos havemos de encontrar.

Nessa altura, o bandoleiro encolerizou-se dirigindo os maiores insultos ao sargento Firmino.

Ás (...ilegível) horas, depois de mil peripécias consegui fugir aproveitando para isso um mandado de Sabino, que me designara ir à procura de um cavalo. Quase correndo, percorri cinco léguas, até chegar a ladeira do Gravatá. Fui para Jardim e lá encontrei Mário providenciando para a aquisição de cinco contos de réis exigidos para a liberdade do nosso companheiro.

- Não nos pode dizer o que ocorreu após a fuga?

- Posso, por informação de José Luiz, que esteve com o grupo até a hora em que Lampião resolveu levantar acampamento.

Ao meio dia, pouco mais ou menos, o bando sinistro marchou para Belém, dando liberdade a José Luiz.

De Jardim partiu portador para Belém, levando os cinco contos de réis para o resgate de Pedro Vieira. Infelizmente, o portador não alcançou Lampião em Belém, que por ali já havia passado.

Naquela localidade, a horda de bandidos cometeu toda a sorte de depredações e horríveis perversidades.

De Belém, os bandoleiros rumaram para Ipueiras, povoado pernambucano, onde foram recebidos à bala.

Ao inciar-se o tiroteio, Lampião indagou ao guia quantos homens os Xavier, chefe da localidade podiam reunir, no momento.

O guia informou que aquela família tinha elementos para reunir, imediatamente sessenta homens, podendo, dentro de poucas horas, uma retaguarda de duzentos a trezentos homens. Em virtude dessa informação, Virgolino, que já perdera um bandido, resolveu recuar.

Nesta ocasião, o bandido determinou o fuzilamento de Pedro Vieira, que foi trucidado.

Soube, por informações chegadas a Jardim, que o prisioneiro paraibano, aproveitando a confusão estabelecida pela luta conseguira fugir.

São essas informações que posso prestar ao seu jornal."



Por Bruno Yacub Sampaio Cabral 


Notas

(1) Lembrando que em março do ano anterior, 1926, Lampião e seu bando, foi recebido em Jardim pelo próprio intendente, coronel Dudé, como Capitão do Batalhão Patriótico de Juazeiro, chegando a pernoitar na localidade. N. A.

(2) A vila de Leopoldina hoje é chamada de Parnamirim. O distrito Ipueiras atualmente pertence à cidade de Serrita, na época chamada de Serrinha, ambas no estado de Pernambuco. N.A.

Fonte bibliográfica:

- SILVA, Otacílio Anselmo e; Tragédia de Guaribas; em revista Itaytera N° 16; Instituto Cultural do Cariri; Crato – CE; 1972;
- SILVA, Otacílio Anselmo e, Surpreendente e condenável comportamento de Lampião no Ceará, em revista Itaytera, n°19, Instituto Cultural do Cariri, Crato - CE, 1975;
- NEVES, Napoleão Tavares, Cangaço, Crônicas e Adjacências, Crônicas Cangaceiras, editora Thesaurus, Brasília - DF, 2009;
- BONFIM, Luiz Ruben F. de A., Lampeão em 1927, A marcha dos bandidos, editora Oxente, Paulo Afonso - BA, 2019;
- IRMÃO, José Bezerra Lima; Lampião, A Raposa das Caatingas; 4ª Edição; JM Gráfica & Editora Ltda; ; Salvador; 2018;
- LIRA, João Gomes; Memórias de um soldado de volante; FUNDARPE; Recife; 1990;
CARVALHO, Rodrigues; Lampião Seus Sequazes; 2ª edição; Sedegra; Rio de Janeiro; 1974;
LUCETTI, Hilário e LUCENA, Magérbio de; Lampião e o Estado maior do Cangaço; Gráfica Universitária; 1995;
- MACIEL, Frederico Bezerra; Lampião eu Tempo e Seu reinado; Volume 3; Editora Vozes; 1988;
- DANTAS, Augusto de Sousa, Lampião na Paraíba, Notas para a história, editora Polyprint, Natal- RN, 2018;
- MELLO, Frederico Pernambucano de, Entre Anjos e Cangaceiros, editora Escrituras, São Paulo - SP, 2012;
- XAVIER, Maria do Socorro Cardoso; A Saga de um clã Xavier; Sal da Terra Editora; João Pessoa; 2012;
- FIDELES, Antônia; Cordel O Fogo de Ipueira; Folhetaria de Cordel; João Pessoa; 2015.

quarta-feira, 10 de julho de 2019

O JACARÉ DE BREJO SANTO

A famosa Praça do Jacaré.

De 1978 a 1983, Brejo Santo registrou a excelente administração do prefeito Francisco Leite de Lucena.
Naquele seu mandato, construiu o Centro Social Urbano, o Colégio Padre Pedro, o Hotel Municipal e iniciou o projeto de casas populares destinadas aos munícipes. As ruas da sede do município foram pavimentadas e parte obteve melhorias, como saneamento básico.
Dentre as benfeitorias, uma fazia-se destaque na querência da autoridade. Tratava-se da reforma da Praça Dionísio Rocha de Lucena, principal logradouro da municipalidade.
Dividido em quatro áreas objetivando o lazer, sendo ajardinadas, com bancos e brinquedos infantis, uma ganhou primazia, devido localizar-se ao lado da rodovia federal.
Ali, num espelho de água, erigiu-se uma fonte luminosa, de fortes jatos, para o deleite público. Mas faltava atrativo maior, imaginava o edil. E deu-se a pensada solução.

Comprado no Mato Grosso, um jacaré de metro e meio de comprimento foi trazido e colocado no reservatório. Sucesso total. Verdadeira romaria. Pessoas de localidades distantes vinham conhecer o animal.

Numa madrugada, início de 1980, chuva de mais de 200 milímetros alagou toda a cidade. As águas abarrotaram a morada do crocodiliano, levando-o na enxurrada, fazendo-o desaparecido. Servidores municipais e a população receberam apelo visando à busca ao réptil. Autêntica caçada. Nenhum êxito.
Dias depois, um morador do Sítio Arizona, chegou ao Posto JK e contou ao frentista que “Madrugadinha, fui no mato me aliviá e vi um assombro. Um monstro de zóio de fogo me encarou. Peguei um cacete de jucá e matei o bicho de paulada! Tá aí na carroça!”.
Quando o frentista olhou, apavorado, disse: “Valei-me, Nossa Senhora! É o jacaré do prefeito! Homem saia daqui já! Dê fim nele! Pois se lhe pegarem você vai puxar cadeia!”.
Até hoje, em Brejo Santo, o nome comum do passeio é Praça do Jacaré.

O Brejo é Isso!



Por Geraldo Duarte - Advogado, administrador e dicionarista, 23:00 / 08 de Julho de 2019.
Link do artigo original publicado na página do jornal Diário do Nordeste: O jacaré de Brejo Santo