A Munganga Promoção Cultural

A MUNGANGA PROMOÇÃO CULTURAL: O Brejo Isso!

sábado, 29 de agosto de 2020

BREJO SANTO - 130 ANOS - RESGATE ICONOGRÁFICO VI

 O MERCADO PÚBLICO

Foi construído na gestão do prefeito José Matias Sampaio (1935-1945).

Este Mercado localizava-se na Rua Manuel Inácio de Lucena (Rua do Araújo), mais ou menos nas imediações de onde hoje funcionam um escritório de engenharia, uma sorveteria e a academia da professora Rocha Lucena.

A fotografia, provavelmente de Basílio Neto, traz uma típica cena sertaneja: um couro espichado de boi para secar, clientes que chegam com suas crianças. Homens negociam, vão às compras, prosear, comprar a "mistura": uma carne, uma galinha, um guiné, umas curimatãs...



Voltando ao passado, imagino que, do fundo do mercado irradia-se um cheiro de buchada de bode fervendo; uma pãozeira vaporosa denuncia um gosto de cuscuz; uma cabocla sorridente revira uma tapioca no ar; alguém grita pedindo um copo de café...

Hérlon Fernandes Gomes

terça-feira, 25 de agosto de 2020

JOAQUIM ANTÔNIO FIRMINO DE SOUZA - O PRIMEIRO PROFESSOR

APONTAMENTOS SOBRE A INSTRUÇÃO PRIMÁRIA EM BREJO SANTO


A história sobre a educação primária em Brejo Santo nos informa que os primeiros professores do lugarejo eram particulares, contratados pelas famílias mais abastadas do lugar, para ensinar seus filhos as primeiras letras, sendo o primeiro professor a pisar por estas bandas, Mino Israel Samuel Krebs, vindo de Macapá (atual Jati), por convite do Cel. Manoel Inácio Bezerra.

No entanto, consta que, ainda na década de 1860, os habitantes do distrito de Brejo dos Santos já haviam solicitado ao Governo da Província, acesso à instrução publica primária para seus habitantes. E Joaquim Antônio Firmino de Souza foi seu primeiro Professor, passando em concurso publico, chega ao lugar para lecionar em 1871. 

Para ajudarmos a entender, segue a transcrição inédita e na íntegra da Sessão da Assembleia Legislativa Provincial do Ceará, de 09 de outubro de 1869, onde foi aprovada a emenda que cria uma cadeira de instrução publica do sexo masculino para a povoação de Brejo dos Santos, apresentada pelo então deputado provincial, Antônio Pinto Nogueira Acioli. A Lei Provincial n° 1289, de 16 de novembro de 1869, foi sancionada pelo Presidente da Província, Joaquim da Cunha Freire.

CEARÁ
ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA PROVINCIAL
CONCLUSÃO DA SESSÃO DE 09 DE OUTUBRO DE 1869.

O SR. PINTO ACCIOLY: - Sr. Presidente, tomando a palavra não é meu fim opor-me ao projeto em discurso, pois que sou o primeiro a reconhecer, que é convenente a criação de uma cadeira de instrução primária do sexo masculino na importante povoação de Cococy.

O Cococy, como esta casa sabe, é um povoado grande, rico, e muito populoso, tanto assim que há pouco foi elevado a freguesia. (Apoiados).

Portanto, está no caso de haver mais uma cadeira da língua vernácula (Apoiados).
Pedi, pois, a palavra, senhores, não para combater o projeto, como já disse, mas para apresentar uma emenda criando uma cadeira de instrução primária para o sexo masculino na povoação de Brejo dos Santos, termo de Jardim.

O Brejo dos Santos, senhor Presidente, é um povoado importante e populoso: é distrito de paz e de subdelegacia. Está, pois, muito no caso de possuir uma cadeira de primeiras letras para o sexo masculino. (Apoiados).

Portanto, espero que a casa, como é de justiça, aprovará o artigo que vou oferecer a sua consideração.

Tenho concluído. 

“Fica criada uma cadeira de instrução primária para o sexo masculino na povoação do Brejo dos Santos, termo de Jardim. – Nogueira Accioly.” 


Jornal Cearense: ANNO XXIV; N° 243; 30 de outubro de 1869.


Jornal Cearense: ANNO XXIV; N° 243; 30 de outubro de 1869.

Em 05 de julho de 1870, foi publicado o edital para anunciar o concurso com a finalidade de instalar as cadeiras do ensino primário do sexo masculino, para várias povoações da Província, entre elas, a primeira do Brejo dos Santos.

Jornal Pedro II (CE): ANNO 31; N° 142; 05 de julho de 1870.


Contudo, somente no ano de 1871 chegaria o primeiro professor de instrução pública no arraial. Joaquim Antônio Firmino de Souza, para lecionar aos alunos do sexo masculino. Em 1874, chegaria ao arraial um inspetor de aulas, para auxiliar Joaquim Antônio no ensino. Ele se chamava Joaquim Ignácio da Silva Tavares.

Jornal Cearense: ANNO XXVIII; N° 54; 05 de julho de 1874.

EXPEDIENTE DO SECRETÁRIO DA PROVÍNCIA.

1ª SECÇÃO.

Officios. – Ao Dr. Inspector da Thesouraria Provincial. – De ordem do Exc. Sr. conselheiro presidente da província, comunico á V. S. – que o professor publico d’instrução primaria da povoação do Brejo dos Santos, Joaquim Antonio Firmino de Souza, entrou em exercício das funções de seu magistério no dia 20 de novembro próximo findo (1871). (Jornal A Constituição; Anno X; n°5; 9 de janeiro de 1872; pág. 2).

Jornal A Constituição (CE): ANNO X; N° 5; 09 de janeiro de 1872.


INSTRUÇÃO PÚBLICA DA CAPITANIA E PROVÍNCIA DO CEARÁ.
APONTAMENTOS SOBRE A INSTRUÇÃO PÚBLICA PRIMÁRIA. 
ESCOLAS PRIMÁRIAS.

RELAÇÃO DA CRIAÇÃO 
DE ESCOLAS PRIMÁRIAS 
DA COMARCA DO JARDIM

JARDIM

- Em uma relação anexa ao officio do presidente Nunes Befford, n° 4, de 3 de fevereiro de 1827, dirigido ao ministério (ilegível), dá-se esta cadeira creada pro provisão do governo da província de 26 de setembro de 1822 em virtude da portaria da secretaria de estado dos negócios do reino de Portugal de 3 de abril do mesmo anno.

- Em 26 de setembro de 1822 foi nomeado professor de primeiras letras da cadeira da villa do Jardim.

- Creada em virtude da lei de 15 de outubro de 1827.

- Rufino de Alcântara Montesuma, provido a 22 de agosto de 1846, e removido para o Crato a 2 de julho de 1850.

 SEXO FEMININO – Creada pela lei provincial n° 620 de 26 de setembro de 1853.

- Dona Joana Henriqueta de Almeida e Silva, nomeada por acto de junho de 1854, demitida por acto

 

PORTEIRAS

SEXO MASCULINO - Creada pela lei provincial n° 1018 de 8 de novembro de 1862.

- Genuino Alves de Lima Roldão, nomeado por acto de 8 de março de 1864.

SEXO FEMININO - Creada pela lei provincial n° 1403 de 2 de agosto de 1871.

- D. Eduarda Berneauve de Carvalho, interina por acto de 14 de setembro de 1871.

GOIANINHA (atual Jamacaru, distrito de Missão Velha)

SEXO MASCULINO - Creada pela lei provincial n° 1267 de 2 de janeiro de 1867.

- João Pinto Teixeira, removido da Venda por acto de 22 de maio de 1869 e exonerado a pedido a 17 de março de 1871.

BREJO DOS SANTOS

SEXO MASCULINO - Creada pela lei provincial n° 1289 de 16 de novembro de 1869.

- Joaquim Antonio Firmino de Sousa, nomeado por acto de 25 de outubro de 1871.

MILAGRES

SEXO MASCULINO - Creada pela lei provincial n° 324 de 9 de agosto de 1844, com o ordenado de 300$.

- Em 30 de agosto de 1847 foi provido Francisco Gonçalves Linhares, aposentado por acto de 4 de abril de 1865.

SEXO FEMININO - Creada pela lei provincial n° 925 de 30 de julho de 1860.

- Por acto da presidência de 10 de setembro de 1861 foi removido do Acaraú para esta cadeira D. Joanna Henriqueta de Almeida e Silva, e por este acto de 10 de junho de 1869, nomeada D. Rita Marcionília Pereira.

BOA ESPERANÇA (atual Iara, distrito de Barro)

SEXO MASCULINO - Creada pela lei provincial n° 1315 de 24 de setembro de 1870.

- Francisco Pedro de Carvalho, interino por acto de 10 de abril de 1871, e exonerado a 8 de março de 1873.

IMBURANAS (atual Umburanas, distrito de Mauriti)

SEXO MASCULINO - Creada pela lei provincial n° 1417 de 25 de agosto de 1871.

- Padre Martinho de Lunna e Melo, nomeado por acto de 22 de junho de 1872. Faleceo em princípios de 1874.

SÃO PEDRO (atual Abaiara)

SEXO MASCULINO - Creada pela lei provincial n° 1517 de 25 de agosto de 1871.

- Candido Acácio Fernandes Bastos, nomeado por acto de 14 de setembro de 1872, e removido para Missão Nova por acto de 14 de janeiro de 1874.

Fonte: Jornal A Constituição (CE): ANNO XXII; N° 152; 25 de novembro de 1874.

Joaquim Antônio lecionou em Brejo dos Santos até 1876, quando solicita transferência para a vila de Milagres.

Jornal A Constituição (CE): ANNO XIV; N° 99; 30 de agosto de 1876.

Retornando para Brejo dos Santos, em 05 de julho de 1880, consta ainda que o Professor ensinou na povoação de Burity (atual Mauriti), em 1885. Já na povoação de Saco da Orelha, em 04 de julho de 1889, solicita remoção para a localidade Cajazeiras, comarca de Crato.

Jornal Gazeta da Noite (CE): ANNO V, N° 69, 09 de abril de 1885.
Jornal Cearense: ANNO XXXIV; N° 59; 02 de junho de 1880. 
Jornal Gazeta da Noite (CE): ANNO IX, N° 122; 04 de junho de 1889.

Neste mesmo período, em 1887, chega a já então freguesia de Brejo dos Santos, o professor Mino Israel Samuel Krebs, vindo de Macapá, para ensinar os filhos do coronel Manoel Inácio Bezerra.

Joaquim Antônio Firmino de Souza deixa mais uma vez Brejo dos Santos, em 1889. Este é o mesmo ano da aprovação do ensino de cadeira mista na Freguesia. Entretanto, somente em 1892 chega para ocupar as cadeiras do ensino primário do sexo masculino, Genuíno Alves de Lima Roldão, vindo transferido da vila de Porteiras, sua terra natal, onde foi seu primeiro Professor, nomeado em 08 de março de 1864. Genuíno nasceu em 21 de julho de 1840 e faleceu em 12 de dezembro de 1912, estando sepultado no cemitério público em Porteiras.

 A cadeira de sexo feminino somente viria ser ocupada por Balbina Lídia Viana Arrais, em 1898.

Como o número dos que necessitavam de escola era muito elevado, ainda nessa fase, necessitou-se utilizar professores particulares:

Antônio Simplício do Nascimento foi Professor e também Sacristão da Igreja Matriz do Sagrado Coração de Jesus, por volta de 1893; João Inocêncio da Silva, proveniente de Flores do Pajeú, em Pernambuco; Padre João Casimiro Viana, chegado a Brejo Santo em 1903, ensinou Português, Francês e Latim aos jovens mais adiantados, especialmente os filhos do Cel. Basílio Gomes da Silva; Antônio Gomes de Santana, conhecido por Antônio Generosa, que também fabricava fogos de artifícios; João Simplício do Nascimento, que foi Professor e Sacristão como seu pai, Antônio Simplício do Nascimento; Secundindo e Joana Broco, que ensinaram preferencialmente os alunos mais necessitados; Pedro Nogueira e Teófilo Leite Cabral, provenientes da cidade de Milagres; Dona Lili Grangeiro, esposa de Ibiapino Grangeiro; Padre Leopoldo Fernandes Pinheiro; e Isolina Gomes de Sá e Maria do Carmo Simplício, que foram muito úteis à comunidade estudantil.

Em 1925 foi instalado o Colégio São José, dirigido por Pedro Gomes da Silva Basílio, contando ainda como professores: Joaquim Gomes da Silva Basílio e o padre João Alboino Pequeno.

Em 1930 chegaram a Brejo Santo, provenientes de Fortaleza, Dona Maria Isa dos Santos e Maria do Carmo Simplício, que mantiveram escolas até 1933.

Na década de 1940 era inaugurada a primeira escola pública construída pelo Estado, chamada de Escolas Reunidas, popularmente conhecido por Grupo Velho, hoje denominada de EEFM José Matias Sampaio. 

Com o crescimento do ensino público, foram professores da Sede da cidade: Balbina Pedrosa Viana Arrais, conhecida por Dona Pedrosinha, filha única de Balbina Lídia Viana Arrais; Rosa Alves Roberto, Firmina de Jesus Ribeiro, conhecida como Santa do Padre Pedro; Auristela Viana Arrais, filha de Dona Pedrosinha; Sabina Gomes de Souza, Sebastiana Tavares de Moura, Altina Georgina Viana Arrais, irmã de Dona Balbina; Antonieta Gomes de Araújo, Heraclides Lucena Miranda, Maria Neli Nicodemos da Cruz e Isaltina Lucena Siqueira.

E na Zona Rural: Raimundo Moreira Luna, conhecido por Mestre Santo, no sítio Olho D’água dos Santos e Maria Conceição Neta, no sítio Paus Brancos.

O Município também se organizou para participar da luta contra o analfabetismo e, em 1940, já possuía a escola nos sítios Passagem de Pedra, Duas Lagoas e Baixio do Boi. A primeira tinha como responsável a professora Eliza Soares Nogueira, a segunda, a professora Clotildes Moreira Tavares, conhecida por Tidinha; e a terceira, a professora Maria Carmelita de Lucena.

Lindolfo Ramalho, autor do Hino do Município, manteve um colégio nas dependências do Paço Municipal, durante o regime do Estado Novo, quando Getúlio Vargas fechou o Congresso Nacional e as demais casas do Poder Legislativo. No caso de Brejo Santo, o salão da Câmara dos Vereadores, localizada no piso superior da antiga sede da Prefeitura, foi transformada em sala de aula. 

Os irmãos José Teles de Carvalho e João Teles de Carvalho fundaram em 10 de fevereiro 1941, o Instituto Padre Viana, sendo adequado para Colégio Padre Viana em 1965, atuando até os dias atuais.

Em 1958 era fundado o Ginásio Padre Abath, com as séries ginasiais ao que foi acrescido o curso normal em 1963, no qual participaram como Professores: Neuzelide Nunes Pinheiro, Maria Beatriz Feijó, Maria Tiburtino de Moura e Júlio Macedo Costa, diretor e fundador.

Em 02 de março de 1967 era criado o Colégio Estadual Balbina Viana Arrais, sob a direção do professor Júlio Macedo Costa.

Em nome do primeiro Professor, Joaquim Antônio Firmino de Souza, homenageamos todos os Professores e Professoras que deram e aos que continuam contribuindo para o desenvolvimento educacional em Brejo Santo.

O Brejo é Isso!

Por Bruno Yacub Sampaio Cabral

A Munganga Promoção Cultural


Registros da sepultura pertencente ao professor Genuíno Alves de Lima Roldão, localizado no cemitério público de Porteiras - CE.



Referência bibliográfica 

Jornal A Constituição (CE):
ANNO X; N° 5; 09 de janeiro de 1872;
ANNO XXII; N° 152; 25 de novembro de 1874;
ANNO XIV; N° 99; 30 de agosto de 1876;
ANNO XXVI; N° 114; 04 de junho de 1889;
ANNO XXVI; N° 130; 09 de julho de 1889.

Jornal Cearense:
ANNO XXIV; N° 243, 30 de outubro de 1869;
ANNO XXVIII; N° 54; 05 de julho de 1874;
ANNO XXXIV; N° 59; 02 de junho de 1880.

Jornal Gazeta da Noite (CE):
ANNO V, N° 69, 09 de abril de 1885;
ANNO IX, N° 122; 04 de junho de 1889;

Jornal Pedro II (CE):
ANNO 31; N° 142; 05 de julho de 1870.

- Revista do Instituto do Ceará; Anno IX; Tomo IX; 1° e 2° Trimestres de 1895.
- ARAÚJO, Padre Antônio Gomes; Um Civilizador do Cariri; publicado na revista A Província; Ano 3; N° 3; em 7 de julho de 1955; Crato – Ceará.
- SILVA, Otacílio Anselmo e; Esboço Histórico do Município de Brejo Santo; em revista Itaytera N° 2; Instituto Cultural do Cariri; Crato - CE; 1956.
- NÓBREGA, Fernando Maia da; Brejo Santo Sua História e Sua Gente; Imprensa Oficial do Ceará; Brejo Santo, 1981.
- CAVALCANTE, Francisco Mirancleide Basílio; e LUCENA, Francisco Leite; História Político- Social Brejo-Santense; Brejo Santo; 2008.
- TELES, Fátima; Brejo Santo: Revisitando o passado e Construindo o presente; Brejo Santo; 2009.
- https://ufdc.ufl.edu/AA00000242/00001/1x?search=accioly, acessado em 11 de julho de 2020, as 16:34;
- http://www.colegiopadreviana.com.br/cpv2018/index.php/sobre-nos/nossa-historia - acessado em 20 de outubro de 2021, às 10:36 horas.

domingo, 23 de agosto de 2020

BREJO SANTO - 130 ANOS - RESGATE ICONOGRÁFICO V

Hoje, convidamos você a fazer um passeio por Brejo Santo na década de 30. O Paço Municipal.


"No aspecto de melhores condições físicas para favorecer o desempenho administrativo dos poderes Executivo e Legislativo, o Prefeito José Matias Sampaio construiu um novo prédio para abrigar os dois poderes. Demoliu uma casa pequena, simples e baixa, onde trabalhava o prefeito e, ali, (em frenre à Praça 7 de Setembro) construiu o imponente prédio da Prefeitura, no térreo, e, no primeiro andar, a Câmara Municipal." (Lenira Macêdo - Juarez, questão de honra, coragem e missão)

"Era o Paço Municipal, o mais alto e também o mais vistoso prédio da cidade. O escudo do Ceará esculpido no topo do frontispício e umas janelas protegidas com grades de ferro, ornavam-lhe a bela frontarias. No andar térreo, funcionava a prefeitura e no longo e amplo salçao do pavimento superior, tinham lugar as reuniões e festividades de cunho cívico ou social e os grande bailes de festas ou casamentos faustosos. Por uma escada da cantaria, construída junto à lateral externa do vetusto edifício, subia-se ao primeiro andar, de onde se descortinava um belo panorama da cidade." (Francisco Alves Araújo - Veredas do Chão Nativo)



"Quando Brejo Santo foi dotada de luz elétrica, as pessoas gradas da cidade se organizaram em sociedade, para compra de um rádio, que foi, então, levado ao Paço Municipal, onde, todas as noites, os sócios iam assistir, a portas fechadas, as programações radiofônicas, cujos artistas preferidos eram Jararaca e Ratinho e Alvarenga e Ranchinho. Só quem sabia regular o rádio era Antônio Madeiro. Por isso, somente ele mexia no ponteiro do precioso objeto, mudando as estações retransmissoras ou sintonizando as ondas hertzianas." (Francisco Alves Araújo - Veredas do Chão Nativo)

quarta-feira, 19 de agosto de 2020

19 DE AGOSTO - DIA DA FOTOGRAFIA - HOMENAGEM A BASÍLIO NETO

A comunidade homenageia todos os fotógrafos, especialmente os que fizeram e fazem história em Brejo Santo.

Trazemos à memória a figura de Basílio Neto.


O fotógrafo Basílio Neto posa com sua máquina alemã Zeiss, na antiga Vila de Brejo dos Santos.

Filho de João Gomes da Silva Basílio e Antônia Inácio Bezerra, nasceu na cidade de Brejo Santo no dia 16/01/1897.

Foi o primeiro fotógrafo, além de ter sido ourives e torneiro mecânico, criando peças que receberam elogios até na América do Norte.

Professor de grande conhecimento, lecionou em todas as áreas. Foi conselheiro de paz na época do cangaço e, em 1935, nomeado pelo então Governador Menezes Pimentel para o cargo de adjunto de promotor na Vila de Brejo dos Santos.

Foi o único que teve a bravura de, juntamente com Dr. Belém, realizar a dura tarefa de combater a grande epidemia de peste bubônica na serra do Araripe.

Grande admirador do padre Pedro Inácio Ribeiro, esteve ao seu lado, durante muitos anos, auxiliando nas atividades religiosas da Igreja Matriz do Sagrado Coração de Jesus.


O fotógrafo Basílio Neto e família.

Casou-se duas vezes, a primeira com uma prima sua, Agnela Inácio Basílio, com quem teve três filhos (Raimunda, Creuza e Maroli); o segundo matrimônio deu-se com Maria Fechine Dantas, natural de Missão Velha, com quem teve um único filho (José Clébio Basílio).


O fotógrafo Basílio Neto e família. Fotografia de 1941.

Faleceu em 12 de Janeiro de 1969.

Deixou um legado fotográfico inestimável. Graças às suas fotografias, é possível conhecer Brejo Santo do final dos anos 20 até os anos 60.


Hérlon Fernandes Gomes

segunda-feira, 17 de agosto de 2020

BREJO SANTO - 130 ANOS - RESGATE ICONOGRÁFICO IV

 

UM DEVANEIO EM 1962


A festa do Sagrado Coração de Jesus tinha a graça de conceber, para a criançada, especialmente, a chegada de um parque de diversões. Era o grande acontecimento. A meninada não sossegava até ver o parque montado. Como um presente muito especial, que chega em caixas separadas, todos assistiam àquela ansiosa montagem. Alguns meninos estavam sempre a agradar aos trabalhadores, trazendo uma garrafa d’água, um agrado que fosse, na promessa de ganhar um ingresso.

Aquele foi ano em que vi a primeira roda-gigante! Foi o êxtase daquela festa. Muitas crianças, moças, rapazes pouco prestavam atenção à homilia e aos ritos da santa missa. A gente não via a hora de o padre ordenar a paz de Cristo e liberar os fiéis. As bilheterias dos brinquedos se enchiam de filas… No sistema de som, tocava Smoke gets in your eyes, oferecimento certo de um namorado apaixonado; o cheiro de algodão-doce misturado com o de pipoca firmavam o perfume da felicidade.

Era gostoso quando a roda-gigante atingia o ponto alto e parava, por alguns segundos, a fim de que, tomados de medo, arriscássemos aquele cheiro no cangote que não se pode dar na vista de todo mundo…

O gosto de aventura, de medo e desejo eram as tintas da alegria que nos invadia.

Hérlon Fernandes Gomes

domingo, 16 de agosto de 2020

BREJO SANTO E A RODAGEM

 

A HISTÓRIA DA RODOVIA FEDERAL TRANSNORDESTINA BR 13

Rodovia BR 116 no início dos anos 1990.

A hoje conhecida estrada do Baixio do Boi foi a porta de entrada de Brejo Santo até o começo da década de 1940. Com a chegada da construção da Rodovia Federal Transnordestina BR 13, hoje Rodovia BR 116 Padre Cícero Romão Batista, houve as adequações geográficas do lugar para receber umas das principais estradas do país, ligando Brejo Santo às demais regiões do Brasil.


A estrada que liga a zona urbana de Brejo Santo à região do sítio Baixio do Boi
foi a principal entrada da cidade até os anos de 1940.


Estrada que liga Brejo Santo à região do sítio Baixio do Boi.


A estrada militar foi construída durante o governo Getúlio Vargas, cujo estudo foi realizado pelo general Manuel Rabelo. A Rodagem consistia em passar na altura onde hoje se localiza a Malhada do Boi, antes do povoado de São Sebastião. 

Fernando Leite Tavares, filho de Brejo Santo, era na época, Diretor de Saúde da Inspetoria Federal de Obras contra as Secas, IFOCS (hoje, DNOCS), e este órgão, responsável pelas obras.

Visando uma oportunidade de desenvolvimento e progresso para a cidade, o então Interventor, José Matias Sampaio, solicita a Fernando Leite que reivindique, junto ao IFOCS, a mudança do traçado do projeto da Rodovia para o local onde se encontra atualmente, sendo o terreno doado pelo pai de Fernando Leite Tavares, o ex-intendente da vila de Brejo dos Santos, coronel Manuel Leite de Moura.

A Rodovia Transnordestina BR 13, hoje BR 116 Padre Cícero Romão Batista, foi concluída em 1944 e passava pelo subúrbio da cidade, cortando os sítios Cacaré e Regato (hoje, a Avenida João Inácio de Lucena).


Equipe de topografia realizando sondagem para aplicação de asfalto na BR 116. 
Registro feito provavelmente na década de 1970.


Dona Marineusa, em seus relatos de memórias, nos traz um panorama de como era a Rodagem na década de 1940.

Com a construção da Rodovia Transnordestina, mais uma opção de lazer foi apresentada ao nosso povo. Á tardinha, os moradores da nossa cidade costumavam passear pela rodagem forrada por piçarra com muitos seixos. De braços dados, as pessoas faziam a caminhada enquanto conversavam animadamente e conservavam paisagem. Algumas caminhavam em direção da Singapura e do Xique-Xique, enquanto outras preferiam fazer o percurso em direção a Melancia.

Eu, como as demais crianças, também participava do passeio junto aos adultos e aproveitava para catar e colecionar pedrinhas para a brincadeira do jogo de “xibiu”.

O percurso que eu mais gostava era o que tinha início na esquina da Av. Santos Dumont com a Tiradentes (atual esquina da Av. Antônio Denguinho de Santana com a Av. Prefeito João Inácio de Lucena) da bomba de gasolina, da agência de Neco Jacinto, onde estava sempre o bombeiro Domício, até o campo de futebol, antes das Duas Lagoas. 

Por Bruno Yacub Sampaio Cabral


Conheça o seu lugar.

O Brejo é Isso!


Leia também:

A IMPORTÂNCIA DA ESTRADA DO BAIXIO DO BOI PARA O POVOAMENTO DO CARIRI

O CHALÉ DO CORONEL MANOEL LEITE DE MOURA


BR 116 cruzando o centro de Brejo Santo.
Foto: Lucas Macedo/ @brejoemfoto

BR 116 cruzando o centro de Brejo Santo.
Foto: Lucas Macedo/ @brejoemfoto


Referência bibliográfica

- LEITE, Maria Santana; Reminiscências; Brejo Santo - CE; 2000.
- MACÊDO, Lenira; Juarez: Questão de honra, coragem e missão; Expressão Gráfica Editora; Brejo Santo - CE; 2009.
- SILVA, Otacílio Anselmo e; Esboço Histórico do Município de Brejo Santo; em revista Itaytera N° 2; Instituto Cultural do Cariri; Crato; 1956.

sexta-feira, 14 de agosto de 2020

BREJO SANTO - 130 ANOS - RESGATE ICONOGRÁFICO III

O PASSEIO 

A várzea de verde esmeralda, que canta Lindolfo Ramalho, no poético hino de Brejo Santo espalhava-se especialmente ao lado da estrada e do paredão de pedras que nos guia até a Nascença, uma lagoa perene, de encantadora beleza. Uns dizem que o lugar é misterioso e perigoso ao banhista aventureiro daquelas águas, pois lá vive uma serpente encantada. Outras histórias de trancoso contam de lá… No tempo dessas fotografias envelhecidas, ignorávamos esses medos fantásticos. Verdade é que o caminho da Nascença era permeado de promessas de doçuras. Lá se localizava o velho engenho do Sr. Zé Jacinto. 

De sombrinha em mãos, seguíamos as três. Carmosa e Antonieta eram filhas do dono, por isso gozávamos desse privilégio de nos sentirmos à vontade em qualquer lugar daquele lugar magnífico. 

Era um misto de sensações adentrar o engenho, sentir o vapor perfumado dos tachos ferventes de caldo de cana; degustar alfenins; admirar o maquinário a girar e engolir, como monstro, montes e montes de cana… Homens trabalhavam num ritmo cadenciado, como formigas treinadas. Quando um tacho era retirado do lugar, via-se a caldeira, vermelha de fogo incandescente, como um vulcão – eu me lembrava de alguma coisa que havia lido no Apocalipse, e só pensava que o inferno deveria ser daquele jeito… 


Satisfeitas, íamos nos deitar na relva, observar a lâmina da água, às vezes atiçada por libélulas que, pela sabedoria popular eram chamadas de ‘lava-cus’; ou por marrecas, que às vezes desciam do céu para descansar de uma longa revoada . Para aplacar o calor, nós também molhávamos as pernas, abaixo dos joelhos, para sentir o frescor daquele dia. 



Depois voltávamos para casa, felizes, como quem ganha um presente especial do acaso.


Hérlon Fernandes Gomes

P.S.: Para Carmosa, Antonieta e Isaltina, as moças das fotografias, que me fizeram imergir na construção do texto.

sábado, 8 de agosto de 2020

A IMPORTÂNCIA DA ESTRADA DO BAIXIO DO BOI PARA O POVOAMENTO DO CARIRI

Antiga estrada Vila Bela - Cariri, Cabrobó - Cariri.
Hoje conhecida como a estrada do Baixio do Boi.
Observa-se o leito seco do açude da Nascença,
marco do povoamento de Brejo Santo.
Foto: Lucas Macedo @brejoemfotos


VILA BELA - CARIRI 
CABROBÓ - CARIRI 


O padre Antônio Gomes de Araújo no traz no artigo A Bahia nas Raízes do Cariri (Século XVIII), a seguinte afirmação:

“Encalçando índios belicosos, ou movidos pela ânsia da fundação de currais de vacaria, os sapatões dos sertanistas despertaram no Cariri nos últimos decênios do século 17.

Iniciada a centúria seguinte, abriu-se a fase do povoamento da região, afluindo os povoadores, pelo rio Salgado, deixando atrás o Jaguaribe, e pelos caminhos, que, da antiga Fazenda “Vila-Bela, hoje Serra Talhada, e da povoação de Cabrobó, localidades pernambucanas, convergiam e se fundiam nas alturas de Jati (outrora Macapá), passando, o primeiro, por Belmonte, hoje Maniçobal (atualmente, São José de Belmonte), e o segundo, por Salgueiro. Desse ponto de fusão, rumavam-se para Jardim e terra dos atuais municípios de Porteiras, Brejo Santo, Milagres, Mauriti e Missão Velha. Eram as estradas: VILA-BELA-CARIRI e CABROBÓ-CARIRI.” (ARAÚJO, 1955).

Ainda existiam outras veredas indígenas, em seguida, estradas dos brancos, que ligavam aos demais arraiais e povoados da região. Eram as estradas: CABROBÓ-EXU-CARIRI e JAGUARIBE-CARIRI. Essas estradas conduziram desbravadores e povoadores para esta região: pernambucanos, sergipanos e baianos, entre outros.

Otacílio Anselmo e Silva nos mostra que, na realidade, o antigo sítio Brejo ficou à margem do povoamento do Cariri, na simples condição de zona de currais e ponto de passagem obrigatória dos que se dirigiam à famosa região caririense. (...) Com isso, tudo indica que a área daquele atual município foi apenas e por muito tempo, um trecho do itinerário dos povoadores desta região. (SILVA, 1956).

É curioso que as terras paradisíacas que caracterizavam aquela próspera cidade não tenham despertado o interesse dos precursores da colonização caririense. Por mais estranho que pareça, suas numerosas fontes inexauríveis, não determinaram, de início, a formação de um grupo populacional.

É historicamente certo que o povoamento de Brejo Santo começou simultaneamente no atual sítio Nascença e na região do Poço.

O Poço, por motivo de ordem geográfica, não se desenvolveu. O estabelecimento da estrada dos boiadeiros, que partindo de Vila Bela para o Cariri passava pelo pátio da fazenda Nascença, distanciou-o da nova rota dos povoadores da região caririense.

A estrada que liga a zona urbana de Brejo Santo à rodovia CE 397, que dá acesso a Porteiras, passando pelo sítio Baixio do Boi, é um resquício da antiga trilha indígena, depois utilizada pelos primeiros brancos aqui chegados. Não foi à toa que o coronel Simplício Pereira da Silva se tornou um dos proprietários da Fazenda Nascença, pois o mesmo Simplício Pereira foi um dos responsáveis pelo extermínio dos indígenas no Cariri, principalmente na região de Jardim, pelo qual, o sítio Brejo dos Santos fazia parte.

Portanto, é necessário sabermos que, os primeiros povoadores não indígenas que adentraram no território ao qual mais tarde viria a ser chamada de Cariris Novos, antes, passaram pelas veredas indígenas que cruzavam esse torrão. A estrada do Baixio do Boi precisa ser reconhecida e inserida nos registros como mais um Marco Histórico, fazendo parte do Complexo Histórico Popular da Pedra do Urubu.

Conheça o seu lugar.

O Brejo é Isso!

Por Bruno Yacub Sampaio Cabral

Leia também: A HISTÓRIA DA RODOVIA FEDERAL TRANSNORDESTINA BR 13

Referência bibliográfica:

- ARAÚJO, Padre Antônio Gomes de; A Bahia nas raízes do Cariri, em revista Itaytera; Ano 1; N° 1; Instituto Cultural do Cariri, Crato; 1955.
- SILVA, Otacílio Anselmo e; Esboço Histórico do Município de Brejo Santo; em revista Itaytera N° 2; Instituto Cultural do Cariri; Crato; 1956.
- NÓBREGA, Fernando Maia da; Brejo Santo, Sua história e sua gente, De Brejo da Barbosa a Brejo Santo, Breve sinopse do Município; Imprensa Oficial do Ceará; Brejo Santo; 1981;
- MEDEIROS, José Gomes; A origem de Brejo Santo; 2000.

BREJO SANTO - 130 ANOS - RESGATE ICONOGRÁFICO II

Brejo dos Santos crescia, com casarões de fachadas enfeitadas, abrindo ruas, expandindo sua feira, colhendo os frutos de um bom inverno, de safras generosas de milho, feijão; toneladas de rapadura, porque os engenhos moeram como nunca; e nuvens sem fim de algodão, o ouro branco. 

Os comerciantes nunca venderam tanto. Os romeiros que seguiam para Juazeiro do Norte costumavam parar no Brejo, lugar conhecido por uma feira festiva, uma pequena amostra da que acontecia na Meca Sertaneja. Eram anos prósperos para o povoado. 

Até por volta dos anos 30, essas famílias mais abastadas residiam em dois principais cruzamentos: Avenida Santos Dummont e Avenida Duque de Caxias. 

A primeira é esta que vemos. É a atual Avenida Prefeito Antônio Denguinho de Santana; portanto, a rua lateral da Praça Dionísio Rocha de Lucena. Fotografia de Basílio Neto, aproximadamente do final da década 20. 

A segunda é a atual Rua Manoel Inácio de Lucena (Rua do Araújo). Vê-se o imponente Paço Municipal e, imediatamente à esquina, o Casarão dos Viana Arrais. Fotografia de Basílio Neto, certamente da mesma época citada acima. 


Nada mais disso existe.


Hérlon Fernandes Gomes

domingo, 2 de agosto de 2020

A HISTÓRIA DA FOTOGRAFIA EM BREJO SANTO



Fotografia de Basílio Neto. Antiga Igreja Matriz. Provavelmente também da década de 30.

Brejo Santo. Fotografia de Basílio Neto. Década de 30. Paço Municipal. Prefeito José Matias Sampaio e lideranças.


Revista Vida Doméstica. Agosto de 1939


Basílio Gomes da Silva Neto nasceu na Vila de Brejo dos Santos, em 16 de Janeiro de 1897, dado em batismo em homenagem ao avô, o respeitável Coronel Basílio.

O jovem cresceu tomando gosto por diversas habilidades, tornando-se uma espécie de "Professor Pardal" do sertão.

Era um ávido leitor e conhecedor das ciências. Com uma lupa e ferramentas precisas, construía joias de fino acabamento, afamando-se como ourives na região. Suas alianças, cordões e medalhas eram considerados como presentes de grande estima, porque bem acabados e valiosos.

Curioso das áreas médicas, era um excelente parteiro e conhecido por tratar fraturas de ossos, usando canos, tábuas e solas. Estudioso da flora local, destacava-se como homeopata, conhecido por receitar as mais eficazes "meizinhas".

Sua grande paixão era uma máquina fotográfica alemã, a partir da qual registrou paisagens e pessoas, especialmente de Brejo Santo, onde foi o pioneiro fotógrafo.

Faleceu em Missão Velha, em 12 de Janeiro de 1969, aos 72 anos.

A Munganga tem realizado um esforço para resgatar o acervo fotográfico produzido por Basílio Neto. Neste mês do município, apresentaremos algumas fotografias desse precioso tesouro.

Hérlon Fernandes Gomes

Bibliografia: 
Memórias de Brejo Santo: Francisco Mirancleide Basílio

sábado, 1 de agosto de 2020

BREJO SANTO - 130 ANOS - RESGATE ICONOGRÁFICO I

Neste mês do município, quando comemoramos 130 anos de emancipação política de Brejo Santo, A Munganga trará, a cada sábado, um resgate fotográfico inédito da nossa cidade.

Façam essa viagem no tempo conosco.

A fotografia, registro de Basílio Neto, pioneiro retratista brejo-santense, provavelmente do final dos anos 30, apresenta, em destaque, ao fundo, o Paço Municipal, onde hoje fica a Rua Manoel Inácio de Lucena (Rua do Araújo), na altura da murada do Colégio Padre Pedro Inácio Ribeiro.

A pequena praça que se vê na foto homenageava a Independência do Brasil e chamava-se 7 de Setembro. Ali, destacava um busto de Getúlio Vargas.

O Paço era a sede dos poderes Executivo e Legislativo.

O casarão dos Viana Arrais localizava-se à esquina do admirável edifício.  É possível ver, entre as árvores, algumas portas da casa de dona Balbina.

Dona Marineusa nos conta um pouco desse tempo perdido.



O PAÇO MUNICIPAL
(texto de Marineusa Santana)

"A sua presença imponente embelezava, com o lábaro hasteado, e dava um tom de brasilidade à rua da Igreja. Bastava olhá-lo e constatar que dentro de mim brotava um sentimento de patriotismo, talvez porque ali funcionava a Prefeitura Municipal e ainda tínhamos, naquela época, muito amor, carinho e respeito pela pátria e alimentávamos esperança por dias melhores.

Era o térreo ladeado à sua esquerda por uma escada que dava acesso ao primeiro andar, de onde tínhamos uma vista belíssima.

Seu piso era de madeira em toda a extensão do primeiro andar. Havia três portas que davam acesso à sacada frontal, local de onde os oradores proferiam seus discursos nos dias de festas cívicas, como por exemplo no dia da Pátria e de onde se deliciavam com a vista do comércio, da praça da Igreja, do chalé do Sr. Manoel Leite, enfim de boa parte da cidade. Dos fundos, podia-se apreciar a natureza exuberante através da vista do riacho, da cacimba do boi, da cacimba de vovó Luzia, do Serrote, da Taboqueira com seus coqueirais acenando para a amplidão com o movimento cadenciado de suas palmas e com o espetáculo oferecido pelos urubus com as suas acrobacias como se fossem paraquedistas.
Sinto, até hoje, revolta por ter sido aquele edifício demolido. Povo que não preserva sua memória perde sua identidade cultural e destrói sua própria história."