A Munganga Promoção Cultural

A MUNGANGA PROMOÇÃO CULTURAL: O Brejo Isso!

quarta-feira, 21 de agosto de 2019

DOS SANTOS DO BREJO AO BREJO DOS SANTOS

"Ah, seu moço! Naquela casa da Nascença, só havia rastro de entrada.”

O casarão da Nascença foi construído pela família Santos. 

    Boiadeiros, mascates, cavalarianos transitavam sempre pelo Brejo dos Santos em negócio de seu interesse profissional. Os que se destinavam a Milagres, vindos de Jardim e Porteiras ou destas localidades àquela não podiam senão passar pelo Brejo dos Santos, pois não se conhecia outra estrada a contornar. Esta única estrada cortava o pátio da casa dos "Santos do Brejo".

    O casal Gonçalo de Oliveira Rocha e Joana Martins de Morais senhoreou a Fazenda Nascença, limítrofe do Sítio Brejo, junto de cujas terras molhadas surgiu a cidade de Brejo Santo. Gonçalo de Oliveira Rocha, Tenente (viúvo de Francisca de Jesus), um dos destacados colonos do rincão brejo-santense, que nasceu no ano de 1703, na vila de Penedo, Alagoas, filho de Bento de Oliveira Rocha e de Joana da Rocha. Gonçalo faleceu a 20.08.1799, e foi sepultado na Igreja Matriz de Missão Velha, Ceará. Joana Martins de Morais, nasceu nos Cariris Novos, filha do capitão Bartolomeu Martins de Morais, e Ana Maria Ferreira, tronco dos Martins de Morais. Foi a 2ª esposa de Gonçalo de Oliveira Rocha. Tiveram quatro filhos: Pedro Martins de Oliveira Rocha, Gonçalo de Oliveira Rocha Júnior (Gonçalinho), Joana Martins do Espírito Santo, Maria Martins de Oliveira Rocha e Rita Francisca de Jesus (filha do 1° casamento de Gonçalo com Francisca de Jesus). 

    Conta-se que os Santos - capitão Gonçalo de Oliveira Rocha Júnior ou Gonçalinho, sua esposa Joana Pereira Filgueiras e seus filhos Manoel, João, Francisco, Cosmo, Pedro e Ana (Inácio Oliveira Santos) tinham uma hospedaria na região da Nascença e recebiam os viajantes.

    Segundo Francisco Augusto de Araújo Lima, em seu livro Famílias Cearenses Um, traz a seguinte informação sobre a denominação dos Santos do Brejo: Gonçalo de Oliveira Rocha Júnior e Joana Pereira Filgueiras são pais da irmandade de nove Santos que deu origem a Brejo dos Santos, todos nascidos na Fazenda Nascença: Pedro Inácio de Oliveira Santos, Francisco Inácio de Oliveira Santos, Davi Inácio de Oliveira Santos, João Inácio de Oliveira Santos, Manoel Inácio de Oliveira Santos, Cosmo Inácio de Oliveira Santos, Antônio Inácio de Oliveira Santos, Joaquim Inácio Oliveira Santos, Ana Inácio Oliveira Santos.

    É necessário reconhecermos e corrigirmos um equívoco histórico. O capitão Gonçalo de Oliveira Rocha Júnior, o Gonçalinho, nascido na Fazenda Nascença, no atual município de Brejo Santo, Ceará, casou-se com Joana Pereira Filgueiras, que nasceu em terras do atual município de Barbalha, Ceará. Esta, filha de Inácio dos Santos de Oliveira Brito e de Francisca Teodora Pereira Filgueiras. (Joana, portanto, é sobrinha materna do Capitão Mor de Crato e Governador d’Armas do Ceará, José Pereira Filgueiras). O capitão Gonçalinho faleceu no ano de 1824, assassinado, no Sítio Cantagalo, em Missão Velha e não no ano de 1850, durante o ataque do corpo policial provincial de Crato à Fazenda Nascença, comandada pelo chefe político da vila de Milagres, Manoel de Jesus da Conceição Cunha, quando a maioria dos filhos de Gonçalinho morreu, conhecidos como a família Santos.


    Nem todos os irmãos Santos foram desordeiros e bandidos. Manoel Inácio Oliveira Santos e Pedro Inácio Oliveira Santos, não obstante a ignorância, um temperamento violento, não se encaminharam pelos caminhos do bacamarte. Entretanto, Francisco (Tico), João e Cosmo caracterizavam-se por desrespeitadores da lei, chegando a matar os viajantes que se hospedassem em seu sítio com o intuito de roubar os seus pertences.

    "Alta noite, quando reinava completamente o silêncio, os bandidos caíam sobre os hóspedes, matando-os. Os cadáveres eram sepultados ou dentro da própria casa ou em um córrego situado ao lado dela. Entre si, eles dividiam os despojos das vítimas: dinheiro, joias e tudo mais. Conhecemos uma preta de cem anos, que fora escrava deles (Eufrázia, chamava-se ela). Dizia ela: "Ah, seu moço! Naquela casa da Nascença, só havia rastro de entrada". (1)

    "Os Santos, eram um terror armado aos camboeiros descuidados. Assassinos e ladrões, fizeram-se na escola ambulante dos crimes, indo num crescendo assustador, desde a emboscada fria e perversa de que nunca escapou uma vítima, até o prazer requintado dos grupos bandoleiros, que eles foram os primeiros a constituir. Dadas as dificuldades do momento, as faltas de transportes e socorros urgentes, os Santos formaram no centro do seu núcleo de povoação, o mais sério perigo à ordem publica, perturbando-a continuamente. Esse estado de coisas aumentou mais tarde, por ataques intermitentes de bando a bando: Impunha-se uma medida enérgica, capaz de estabelecer a ordem alterada, fazendo voltar ao seio das famílias amedrontadas, a calma e a confiança na ação justiceira do Império, e que, naquele momento da vida difícil da nação, eram tão necessárias". (2)

    A partir desse ponto, temos uma crônica sobre Antônio José de Sousa, contada por duas visões históricas divergentes.

    Fernando Maia Nóbrega em Brejo Santo, Sua História e Sua Gente, págs. 29 e 30 (Imprensa Oficial do Ceará, Brejo Santo, 1981),  aponta que o assassinato de João Santos foi praticado por Antônio José de Sousa, e este, assassinado em Serra do Bom Nome, por vingança dos Santos, através de denuncia passada por um escravo chamado Joaquim Sabino:

    “Antônio José de Sousa, mais conhecido por mestre Antônio, este concunhado de um dos Santos, o João Inácio Oliveira Santos, além de possuir uma vivenda que fornecia mercadorias aos viajantes de Pernambuco, Paraíba e Bahia em busca de Jardim e Crato, mestre Antônio praticava a carpintaria e confeccionava carroças de boi.

    Devido à encomenda de um carro de boi feita por João Santos à mestre Antônio, que posteriormente deu defeito, quebrando o cabeçote do carro, onde tinha previsto João e recebido garantias de mestre Antônio, João, enraivecido, foi imediatamente à procura do concunhado. Ao se deparar com o comerciante, João Santos foi logo o destratando com uma chibata.

    Chegando em casa, mestre Antônio informou o ocorrido à sua mulher, dizendo que fora desmoralizado pelo concunhado. E só lhe restava uma alternativa: matar João Santos. E em um determinado dia, sorrateiramente, numa emboscada, sem que ninguém desconfiasse, disparou seu bacamarte vindo a matar seu concunhado. Depois da prática do homicídio foi para casa, onde se fez de doente até ser avisado da morte de João Santos pelos demais irmãos dele.

    A morte de João abalou o gênio agressivo dos irmãos Santos. Desconhecendo quem teria sido o autor do crime, Cosmo, Tico, Pedro e Manoel saíram matando todo aquele em que airasse qualquer dúvida. Se em determinada pessoa houvesse possibilidade, embora remota, de ter assassinado o irmão, era pretexto de ser morta, sem nunca pensar que o autor teria sido mestre Antônio.

    A narrativa popular informa que foram mortas numa base de vinte pessoas.

    Tempos depois, em uma discussão sobre terras entre Cosmo dos Santos e mestre Antônio, houve uma ameaça de morte partindo de Cosmo contra o Mestre.

    A tradição nos conta que chegando em casa, mestre Antônio, enraivecido, contava o ocorrido para sua esposa com a voz alta e teria dito:- "Ora, eu já matei um deles, para matar o outro, nada custa..."

    Enquanto isso, no oitão da casa encontrava-se um negro escravo de nome Joaquim Sabino, que ao ouvir a conversa, correu ao sítio Nascença para transmitir o que ouvira.

    Certo dia, mestre Antônio dirigia-se a cavalo, com a escrava Eufrázia, com destino a uma farinhada na Serra do Bom Nome, quando foi emboscado por Cosmo (embora alguns informem que foi Pedro). Socorrido pela escrava Eufrásia, mestre Antônio veio a falecer ali mesmo.

    No bornal de mestre Antônio, todo furado das balas, foi exibido, ainda no século passado, por sua filha Maria da Conceição de Jesus, casada com o coronel Basílio Gomes da Silva.”

    Entretanto, Joaquim Amaro, em História do banditismo da família Santos Chicote, págs. 80 e 81 (Tipografia Diário da Manhã, Recife – PE, 1928), afirma que João Santos foi morto por seu irmão Cosmo Santos (e não por mestre Antônio) e que o mesmo articulou a vingança deste, fazendo com que os irmãos Santos assassinassem oito pessoas (e não vinte), incluindo o próprio mestre Antônio:

    “Certa vez os irmãos Cosmo e João Santos tiveram uma desavença a tal ponto que o segundo despejou no primeiro o seu trabuco, ferindo-o gravemente, com uma forte leva de chumbos.

    Restabelecido os ferimentos, Cosmo jurou a morte do irmão, que não soubera pregar-lhe o tiro no coração facínora e ladrão da pior espécie.

    Cônscio da resolução, seu “digno” irmão João Santos tornou-se prevenido. Conhecia a alma negra de Cosmo, também em camaradagem de ofício.

    Após muitas emboscadas infrutíferas, Cosmo chegou, a saber, que João fazia viagens espaçadas, porém regulares, da sua Fazenda Monte ao Sítio Salvaterra. Emboscou-o no lugar denominado Ladeira das Batingas e espreitou um mês a fio o irmão. Quem com ferro fere, com ferro será ferido.

    João caiu na tocaia de Cosmo varado por uma bala deste, morrendo instantaneamente.

    Cosmo fez ver ao pai e aos irmãos que o João havia sido assassinado por oito pessoas cujos nomes foram por ele declinados. Eram todos desafetos da família Santos.

    Mandaram chamar à Nascença a Manoel e Pedro Felipe, ambos honestos agricultores na Serra de São Felipe.

    De boa fé vieram, sendo mortos ao transporem o limiar da casa dos Santos pelos assassinos que estavam de espera.

    Pouco dias depois, mataram na Serra do Bom Nome o agricultor Antônio de Souza (mestre Antônio), sogro do coronel Basílio Gomes.

    Fizeram-lhe fogo e derrubaram do cavalo abaixo banhado em sangue. Como ainda desse sinal de vida, Pedro Santos (e não Cosmo) sangrou-o, enterrando-lhe a faca até o cabo.

    Voltando da empresa sinistra, Pedro Santos conduzia a faca rubra de sangue. Ao passar por uma casa de uma comadre, gritou-lhe: “Água, comadre, para lavar esta faca que acabei de sangrar um porco”.

    A quarta vítima foi Antônio Pereira, abastado agricultor.

    Acabara de cear. Levantou-se, pôs as mãos para rezar a ação de graças.

    Desejando-lhe então as balas dos trabucos que o prostrou inerme.

    Mais quatro vítimas e ficou saciada a sede dos bandidos, enquanto Cosmo permanecia a bom resguardo auxiliando nessas empresas sinistras.”

    Pois bem, pouco tempo depois, um dos Santos foi à vila de Milagres. Prenderam-no. Administrava a Vila o preposto imperial Manoel de Jesus da Conceição Cunha. No dia seguinte ao da prisão, Manoel de Jesus recebeu um ultimato violento dos Santos para soltar o preso sob a pena de fazerem eles, à mão armada. Enquanto andava o mensageiro, os Santos tomavam uma resolução. Julgaram que aquele pedido lhe diminuísse. Jamais haviam recebido afronta sem represália da parte deles. Esta não devia passar sem desforra. Iriam a Milagres: arrebentariam as portas da cadeia e retirariam o camarada fiel. Assim pensaram e assim fizeram.

    Reuniram-se todos e partiram. Chegando na vila de Milagres a galope, arrombaram logo a porta da cadeia e dela tiraram o preso criminoso.

    Depois fizeram arruaças com o intento de provocar Manoel de Jesus e matá-lo então. Frustado o plano, voltaram para a Nascença.

    Manoel de Jesus não resistira porque não dispunha, naquele momento inesperado, de homens armados suficientes. A prudência aconselhara-o a sofrer afronta sem um queixume, para evitar perdas de vidas sem resultado prático.

    Tomou, porém, as providências ao seu alcance e que as circunstancias permitiam e exigiam. Comunicou tudo para a Capital da Província: a existência dos bandidos, todos os seus feitos, bem como a afronta que sofrera.

    Em resposta, ordenou-lhe o Presidente da Província que requisitasse forte contingente do Corpo Policial da Província em Crato e destruísse o antro do Brejo.

    Manoel de Jesus deu mãos à empresa, ocultante, temendo malogro, porque se os Santos tivessem qualquer sinal denunciador, não descansariam enquanto não tirassem a vida ao seu inimigo.

    Tudo aprestado, formado o plano de ataque, estabelecido o itinerário, a tropa partiu escalando por Mauriti e Poço, chegando ao Brejo pelo lado sul, depois de descrever quase um semicírculo, medida tomada para evitar qualquer aviso prévio aos bandidos de algum interessado que visse a tropa rumar diretamente para o Brejo.

    Os bandidos foram apanhados de surpresa, na maior despreocupação nesta calma que antecipa a tempestade e no ledo e quedo de que ninguém existia grande como eles, engano que os granadeiros imperiais não deixariam durar muito nas plagas de Brejo dos Santos. Fez o ataque com rapidez do relâmpago.

    Não obstante o imprevisto deste ataque, os bandidos responderam, de começo, com coragem ao fogo inicial. Por fim, julgando inútil a resistência, procuraram na fuga a salvação.

    Destruído, deste modo, o antro da Nascença, os brejo-santenses respiraram liberdade.

Açude da Nascença quando ainda recebia água. 

    A fazenda Nascença pertenceu aos Santos até 1850, data em que foi adquirida pelo coronel Simplício Pereira da Silva, célebre mandatário do Pajeú.  Foi revolucionário e tio do Barão do Pajeú. Casou duas vezes. Chegou ao título de Coronel da Guarda Nacional e foi o maior desbravador daquela mata virgem. Tornou-se uma lenda em sua época, os seus feitos são extensos, participou ativamente no sertão de várias convulsões políticas que se sucederam após a abdicação de D. Pedro I. Nascido em 1784, na fazenda Serra Talhada – PE, faleceu em 10 de janeiro de 1859, na fazenda Baixio Grande, em Jardim – CE.

    Depois de Simplício, a Nascença passou, respectivamente, às mãos de João Alves Biró, Manuel Inácio Medeiros, Antônio Leite Rabelo da Cunha, Raimundo Tavares de Souza, Basílio Gomes da Silva e José Jacinto de Araújo.

    Quando o coronel Basílio adquiriu as terras da Nascença, ampliou o antigo casarão dos "Santos do Brejo", construindo um edifício para residência e outro para um engenho. Em todas as escavações daquelas construções, encontraram uma quantidade copiosa de ossos humanos: crânios, vértebras, costelas, tíbias, troncos etc. Até uma escavação feita dentro da casa velha, para fincar uma cantareira, acharam-se ossos. A profundidade em que se achavam aqueles ossos, não media mais que um metro geralmente. 

    Segundo as crônicas e tradições, os Santos são conhecidos como os segundos donatários da Nascença. Daqui saiu a primeira denominação oficial “Brejo dos Santos”, com a criação do Distrito de Paz em 14.11.1862, Freguesia em 25.07.1876 e Vila em 26.08.1890. Em 20.12.1938 a denominação do município foi alterado definitivamente para Brejo Santo.

   Sobre a atual denominação de Brejo Santo, Otacílio Anselmo trás a seguinte nota:

    “A denominação atual do município de Brejo Santo é inadequada, em originalidade atentatória à tradição secular da terra. Brejo Santo é uma designação inexpressiva, incorreta e sem fundamento, pois ali jamais houve santo. Padre Antônio Gomes de Araújo, em palestra com o autor, emitiu o seguinte juízo sobre o assunto: “Opino, pessoalmente que a denominação “dos Santos” e “Santo” não se justificam. A primeira funda-se: a) no número – circunstância psicologicamente impressionante – dos irmãos Santos; b) na truculência dos mesmos, inédita na crônica do crime de Brejo e só igualaria à de seu descendente Chico Chicote. A atuação dos irmãos Inácio Oliveira Santos, tomados no conjunto, foi negativa no processo da evolução de Brejo Santo”. (SILVA,1956).

O Brejo é Isso!

Bruno Yacub Sampaio Cabral


Artigo do autor inserida na primeira edição da revista O BREJO, agosto de 2019.


Notas:
(1) Abelardo F. Montenegro, História do Cangaceirismo no Ceará.
(2) Id. , ob. cit.


Fonte bibliográfica:

- AMARO, Joaquim, História do Banditismo da Família Santos Chicote, Tipografia Diário da Manhã, Recife - PE, 1928;
- MONTENEGRO, Abelardo Fernando, História do Cangaceirismo no Ceará, Expressão Gráfica Editora, 2011;
- NÓBREGA, Fernando Maia da, Brejo Santo, Sua história e sua gente, De Brejo da Barbosa a Brejo Santo, Breve sinopse do Município, Imprensa Oficial do Ceará, Brejo Santo - CE, 1981;
- SILVA, Otacílio Anselmo e, Esboço Histórico do Município de Brejo Santo, em revista Itaytera N° 2, Instituto Cultural do Cariri, Crato - CE, 1956;
- www.genealogiapernambucana.com.br;
- www.cariricangaco.blogspot.com.

segunda-feira, 19 de agosto de 2019

DERMIVAL DE ANCHIETA GONDIM: UM HOMEM DE FÉ E RESPEITO


Especial 129 anos de Brejo Santo - CE
26 de agosto de 1890
26 de agosto de 2019

Por ocasião das comemorações alusivas à Semana do Município de Brejo Santo, fui convidado pelo amigo Mateus Silva para colaborar com o primeiro número da revista O BREJO. Eis minha contribuição, uma singela homenagem ao Monsenhor Dermival de Anchieta Gondim, um homem que tem realizado muitos bons feitos na nossa terra e merece receber sempre todo o reconhecimento.

Aproveito o momento para desejar boa sorte a Mateus Silva, com sua revista. O curioso jovem brejo-santense, amante da informação, administrador de um blog que leva seu nome, distribui novidades a todos os recantos da Terra da Pedra do Urubu, somando qualidade à imprensa municipal e caririense.

Obrigado, Bruno Yacub, que tem se empenhado na digitalização do imenso acervo fotográfico do Monsenhor Dermival. Parabéns, meu amigo, por relevante trabalho.


DERMIVAL DE ANCHIETA GONDIM

Um Homem de Fé e Respeito


Dermival nasceu em 1930, em Jardim - CE, no dia de Nossa Senhora da Imaculada Conceição, em berço de ouro, no seio de uma família abastada. Desde criança, quando a mãe o tomava nos braços, profetizou olhando fixamente aqueles dois olhinhos azuis:

- Finalmente nasceu meu padre!

Dona Doralice Luz se surpreendeu quando Dermival, já um adolescente, anunciou contente que poderia fazer o enxoval dele, porque seguiria os votos, como almejava o sonho materno. Aos doze anos, levado ao Seminário do Crato pelas mãos do pai, o prestigioso Coronel Daudet, o menino foi aos poucos compreendendo seu chamado, engajando-se para abraçar definitivamente o sacerdócio. O garoto chegou a recusar uma possibilidade de estudar na Europa, porque estava intimamente ligado às suas raízes, ao Cariri e a uma paixão especial que nascia consigo naqueles tempos: uma motocicleta.

Descer a Chapada do Araripe, do Crato até Jardim, era uma das experiências mais prazerosas que aquele seminarista se entregava. A velocidade e o vento no rosto, com aquele cheiro verde e úmido, tinham o gosto de uma incomparável liberdade. Tudo fazia pensar que sofreria muito se se ausentasse dali. No Ceará, ele poderia realizar suas ambições.

Ordenou-se aos vinte e seis anos, celebrando sua primeira missa na terra natal. Três meses depois, recebeu a notícia de que o bispo o nomeara para assumir temporariamente a paróquia de Brejo Santo, pastoreada pelo sofrido padre Pedro Inácio Ribeiro, acometido de uma artrite reumatoide que lhe paralisava gradativamente o corpo. Lá, Dermival seria o vigário cooperador.

Feliz e animado por finalmente poder iniciar a prática da obra de Deus, resolveu chegar cedo, no dia seguinte, até seu destino. "Seria um excelente passeio pela serra molhada pelas chuvas de março trazidas por São José", pensou o jovem.

A manhã daquela quinta-feira, 07 de março de 1957, amanheceu cinzenta. Uma cerração cobria toda a cidade e caía uma neblina calma e silenciosa, depois e uma madrugada inteira de tempestade. O padre adivinhava que a estrada não estaria em muito boas condições, o que não chegou a desanimá-lo, mesmo com insistência do octogenário pai, que julgava um disparate fazer uma travessia daquelas em uma motocicleta. Seria mais prudente ir a cavalo. Mas Dermival estava decidido. Recentemente havia trocado sua motocicleta por uma maior, mais vigorosa, que não o faria temer, pois, antes de tudo, ia em nome de Deus e da Santa Mãe.

Saiu de casa pouco antes da seis. A viagem foi realmente uma aventura. As estradas estavam péssimas. Em um determinado trecho alagado, precisou do auxílio de alguns transeuntes, que o ajudaram a atravessar a moto nos braços e carregá-lo nos ombros, pois não sabia nadar.

A velocidade na estrada, o vento forte e o calor do sol secaram logo a batina molhada, que exibia principalmente as barras amarrotadas de lama.

Quando a moto adentrou na Avenida Santos Dummont, derrubando com o rastro veloz, uma tabuleta de cartaz do Cine Itamaraty, foi um acontecimento. Quem passeava pelo comércio parou para ver aquela inusitada figura: decerto seria o novo padre cooperador, a batina não deixava mentir. Era um padre aventureiro. As crianças se alvoroçavam e corriam atrás daquela novidade.

Padre Pedro estava na calçada da casa paroquial, quando viu a motocicleta se aproximar, trazendo um jovem distinto, que logo anunciou sua missão:

- Boa tarde, padre Pedro. Sou Dermival, o novo vigário cooperador.

O adoentado pároco esboçou um sorriso de satisfação. O bispo mandava-lhe um menino! Vendo o jovem padre com uma pequena bolsa, certamente seus pertences mais pessoais, e aquele estado de suas roupas, pensou: "O rapaz precisa de um banho, de descanso." Indicou a casa do cooperador ali perto, onde ele deveria se hospedar, quem sabe repousar um pouco...

- Nada disso, padre Pedro. Eu vim para morar com o senhor!

- Mas meu filho, aqui não é morada para um rapaz como você. Aqui não tem o conforto a que está acostumado. Aqui tudo é muito simples. O que você tem a ganhar morando com um velho padre e suas irmãs doidas?

- Pois acaba de chegar mais um doido, padre! - E ambos riram-se.

A notícia do novo padre foi o acontecimento da semana. A Matriz estava mais lotada do que o de costume. Todos se apinhavam concentrados para assistir àquele sério e instruído rapaz, de voz grave e português escorreito, cooperar com o andamento das missas, ás vezes, celebrá-las por inteiro, considerando a frágil saúde do vigário maior. 

Espalhava-se a fama de sua beleza e daquele exotismo: um homem intocável e imaculado, com estampa de artista de cinema, sobre uma motocicleta pelas estradas daqueles sertões adentro, celebrando missas e ministrando sacramentos.

As beatas diziam:
- Parece um anjo de luz!

As moças cochichavam:
- É até pecado deixar que moços bonitos assim se ordenem padres...

Foi preciso uma campanha de cima do púlpito para aplacar uma onda de paixonite coletiva. Aos poucos, aquele sonho utópico e adolescente arrefeceu nas moças mais insistentes, diante da seriedade e convicção do novo padre, firme de sua missão. Sentia-se cada vez mais pertencente àquela gente amiga, que o acolhia a um irmão.

De visão empreendedora, fez muitos investimentos na cidade, como uma fábrica de mosaicos, uma madeireira, uma farmácia e construção de muitos prédios. Em 1965, abriu um cinema: o Cine Paroquial, que exibia muitos clássicos, especialmente filmes bíblicos, de comédias e faroeste.

Seu cuidado com os bons rumos da paróquia inspirou no bispo de lhe dar definitivamente o título de pároco, pois o padre Pedro a cada dia estava mais impossibilitado de continuar no ofício. Dermival, entretanto, recusou aquela hipótese, pois seria cooperador de padre Padre até o fim dos seus dias.

Naquela altura, já era um homem de extremado respeito, de escudo moral intransponível. Se fosse feito um censo para eleger a maior autoridade de Brejo Santo, seguramente o padre Dermival seria o possível vencedor. Naturalmente, tornou-se conselheiro de homens respeitáveis.

Nos idos de chumbo da Ditadura, Brejo Santo teve militares vasculhando a cidade em busca de opositores das ideias do Governo. Era a caça aos comunistas. para levar esse infamante título, bastaria ter ideias libertadoras.

Um alto tenente da região foi consultar o padre Dermival sobre quem especialmente seriam três rapazes, suspeitos de subversão: Chico Andorinha, Zé Carlos e professor Bezerrinha. O padre garantiu-lhe que seriam somente estudantes, gente de boa família, convencendo-o de que exageravam naquelas infundadas denúncias. Foi o salvo-conduto, portanto, dos fervorosos rapazes.

Em 1973, padre Pedro dava sinais de que faria sua viagem celestial. Em vida, padre Dermival já o tinha como santo, diante de tanta resignação para com a traumática doença. A artrite acarretava-lhe ondas de dores insuportáveis, inchaço nos membros, roubando-lhe os movimentos, sem falar na gradativa cegueira. Quanto mais sofria, mais orava. Testemunha daquele silencioso calvário, o padre cooperador veio assumir definidamente a paróquia depois que se fechou a pedra de mármore sobre o corpo santo de Padre Pedro Inácio Ribeiro. 

Sepultado no interior da Igreja Matriz, o Brejo poderia dizer que agora tinha um santo. Se vivo Padre Pedro operava milagres, ao lado de uma milícia de anjos, passou a derramar graças infindáveis sobre aquela terra.

Anos depois, passou a residir no bairro São Francisco. Naquelas terras dadas pela fé para apadrinhamento do santo humilde e generoso, reconstruiria o Santuário, destruído por uma forte chuva. A obra inspiraria mais nosso povo sobre os ideais franciscanos.

Tornou-se um dos homens mais respeitados pela Igreja. Recebeu o título de Monsenhor e, a partir de 2005, passou a ser Vigário Geral da Diocese do Crato.

Deixa para Brejo Santo um legado firme, de respeito, moral, empreendedorismo e devoção no Sagrado Coração de Jesus, em São Francisco e na Virgem Maria.

Hérlon Fernandes Gomes - Porto Velho, 03 de agosto de 2019.

Para Chico de Sinésio, proprietário do Bar Caldeira do Inferno. Certa vez, em uma reunião da Diocese, uma autoridade eclesiástica teria perguntado ao padre Dermival se era verdade que em Brejo Santo havia uma Caldeira do Inferno. O Padre respondeu que na verdade, sim, mas não havia porque se preocupar, lá todos os "cãos" eram seus amigos.

Iconografia do acervo de Monsenhor Dermival:


O seminarista Dermival.
Com 26 anos, quando chegou a Brejo Santo.
Ordenação. 1956. Com o coronel Daudet, seu pai. Dona Doralice não realizou o sonho de ver o filho ordenado.
 Falecera anos antes.
Ordenação. 1956. Crato.
Quando seminarista no Seminário da Prainha - Fortaleza.
Gostava de sair com os colegas para ver o movimento do porto e do mar.
Tempos de Seminário. O padre Dermival é o último de pé à direita.


O padre e sua motocicleta BSA.
No Juazeiro do Norte - A meca sertaneja da fé.

No Seminário da Prainha. Dermival usa óculos escuros.
Alguém arrisca descobrir qual a cidade lá embaixo?
Nas cavalgadas, na pregação do Evangelho.

O Padre Pedro Inácio Ribeiro em uma de suas últimas fotografias.


Monsenhor Dermival e sua indumentária utilizada em sua ordenação,
 realizada em Crato, 08 de dezembro de 1956.
Capa da primeira edição da revista O BREJO.
Será lançada na Semana do Município 2019.


O Brejo é Isso!




Referências bibliográficas:

- Sá, Francisca Aldeniza de, Monsenhor Dermival, Um resgate histórico, Instituto de Formação e Educação Teológica, Curso de Graduação em História, Brejo Santo - CE, 2014;
- Moreira, Maria e Fátima Alves, Monsenhor Dermival, Uma história de vida, editora da Autora, Brejo Santo - CE, 2016;
- Cavalcante, Francisco Mirancleide Basílio, Memórias de Brejo Santo, Dados biográficos dos homenageados em logradouros públicos, Brejo Santo - CE, 2001;
- Entrevista com Monsenhor Dermival, realizada em 31 de julho de 2019, em Brejo Santo - CE;
- Entrevista com Chico de Sinésio, no Bar Caldeira do Inferno, 10 de agosto de 2019.







domingo, 18 de agosto de 2019

Cordel: Brejo Santo e sua origem lendária



Especial 129 anos de Brejo Santo - CE
26 de agosto de 1890
26 de agosto de 2019

Parabéns, Terra da Pedra do Urubu!

Brejo Santo - CE, 1988. Acervo de Valmir Alves.


Brejo Santo e sua origem lendária

Apresentação

Brejo Santo é uma cidade
Nacionalmente conhecida
Mas listar aqui os motivos
Não é o que se objetiva.
Aqui vou falar da origem
Desta cidade nordestina.

Por isso, amigo(a) leitor(a)
Preste bastante atenção
Nesta lenda encantadora
Que se afirma na tradição
E que através da poesia
Eu faço a minha narração.

- 1 -
Num tempo muito distante
E difícil de precisar
Viviam nessas belas terras
Do extremo sul do Ceará
Os bravos índios Cariris
Únicos habitantes do lugar.

- 2 -
Conviviam com a natureza
Numa perfeita harmonia.
Moravam em ocas de palha
E da terra tiravam comida.
Sobreviviam da agricultura,
Da caça e da pescaria.

- 3 -
Mas os índios não sabiam
Que o tempo ia passando
E a mudança ali chegaria
Através do homem branco
Que em busca de riquezas
O interior foi explorando.

- 4 -
Num lugar bem perto dali
Hoje, chamado Porteiras
Morava uma viúva baiana
Inteligente e trabalhadeira
Seu nome é Maria Barbosa
Mulher de fibra e hospitaleira.

- 5 -
Juntamente com seus filhos
Cuidava da sua propriedade.
Se dedicava à agricultura
Sem preguiça e com verdade
Criava muitos animais
E deles tinha grande vaidade.

- 6 -
Durante uma seca medonha
Que atingiu toda a região
Trazendo escassez de água,
O sofrimento e a desolação,
Foi acabando aquela fartura
De animais e de plantação.

- 7 -
Muitos dos bichos morreram
De fome e desnutrição.
Outros, aos poucos viraram
Alimento de única opção.
Teve também os que fugiram
Em busca de alimentação.

- 8 -
Foi nesse clima de tristeza
E de muita preocupação
Que Dona Maria Barbosa
Numa atitude de precaução
Conferia o que ali restava
Para fazer sua previsão.

- 9 -
E foi num destes secos dias
Que ela sentiu que faltava
Alguns porcos no seu terreiro
E vendo que não encontrava,
Ordenou aos seus escravos
Que procurassem pela estrada.

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Ao caminharem sem destino
Depois de alguns longos dias
Os porcos foram encontrados
Dando aos escravos alegria
De poder voltar para casa
Com os bichos e a boa notícia.

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Quando D. Maria Barbosa
Viu chegar a sua comitiva,
Elogiou os seus escravos
E demonstrou muita alegria.
Mas como era muito esperta
Viu logo o que ninguém via.

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Um sinal mais do que claro
De que nascia a esperança:
Os mocotós dos seus porcos
Estavam todos sujos de lama.
Era certa a presença de água
Ali perto daquela estância.

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E sem pensar duas vezes
Querendo saber onde era,
Mandou os escravos de volta
Sem puxar muita conversa.
Dar fim aos efeitos da seca
Ela queria e tinha pressa.

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Seguindo a mesma trilha
De onde os animais estavam,
Um pouco mais adiante
Os escravos encontraram
Uma nascença de água boa
E para casa logo voltaram.

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Contaram tudo à viúva
Em riqueza de detalhes.
Que a terra descoberta
Tinha água e bons ares,
Despertando na patroa
Diversas possibilidades.

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Após ouvir seus escravos
Com toda a sua atenção
Ela não teve mais dúvida
Tinha encontrado a solução
Era tudo que ela queria
Viver com melhor condição.

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A viúva Maria Barbosa
Tinha prestígio político
Pediu a posse das terras
E o pleito foi atendido
Mudou-se para o lugar
Onde tudo seria tranquilo.

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Com a mudança instalada
Maria Barbosa percebeu
A terra era muito extensa
E uma divisão procedeu
Separou em duas metades
Uma para cada filho seu.

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Restaram dois sítios grandes
Que a nova dona os batizou
Sítio Nascença e Sítio Brejo
Que aos poucos se valorizou
Ficaram logo bem conhecidos
Por todo o povo que ali passou.

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Com a morte da matriarca
Os sítios ficaram de herança
Para os dois filhos varões
Da saudosa viúva baiana
Que apesar da falta da mãe
Nunca perderam a esperança.

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Francisco Pereira de Lima
Era um dos dois irmãos.
Ele herdou o Sítio Brejo
E ali continuou a missão.
Do outro filho de D. Maria
Não tem muita informação.

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A tradição apenas registra
De forma bem misteriosa
Que herdou o Sítio Nascença
E vendeu sem muita demora.
O nome do novo proprietário
É Gonçalo de Oliveira Rocha.
  
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Francisco Pereira de Lima
Pra honrar a mãe saudosa
Mudou o nome do seu sítio
Para o Brejo da Barbosa
E casou com distinta moça
Que se chamava Teodora.

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Gonçalo de Oliveira Rocha
Homem de muitos planos
Era dono do Sítio Nascença
E pai dos nove irmãos Santos
Que depois foram os donos
Das terras de Brejo Santo.

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A partir dessas duas famílias
A comunidade foi crescendo.
Os filhos de uma e de outra
Se uniram em casamentos
E o patrimônio das duas
Ficaram num só documento.

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Mas o nome mais conhecido
Na região, nos quatro cantos
Como importante referência
Para chegar naquele recanto
Foi o daqueles nove irmãos
Chamados de irmãos Santos.

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Se o sítio tinha outros donos
Todo mundo foi batizando
O lugar com o nome deles
E o povo inteiro foi chamando
Aquela grande porção de terra
De Sítio Brejo dos Santos.

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O lugarejo foi crescendo
E atraindo mais moradores.
Gente unida, inteligente
E de bons articuladores
Que com muito trabalho e fé
Foram grandes conquistadores.

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Sua emancipação política
Foi notícia em todo canto
26 de agosto de 1890
É a data deste marco e tanto
Finalmente com a toponímia
Simplificada para “Brejo Santo”.

Autor: Prof. Me. Wagner David Rocha



O Brejo é Isso!





DADOS DO AUTOR

Wagner David Rocha nasceu aos 10 dias do mês de janeiro de 1979, em Brejo Santo – Ceará, onde reside.
Filho primogênito do casal Francisco David dos Santos (Tico David) e Maria Núbia Marcelino da Rocha David (Núbia de Anita).
Fez o Ensino Fundamental na Escola Estadual Padre Pedro Inácio Ribeiro e o Ensino Médio no Colégio Padre Viana. Cursou Letras na Fachusc – Faculdade de Ciências Humanas do Sertão Central (Salgueiro-PE) e Especialização em Língua Portuguesa e Arte-Educação na URCA – Universidade Regional do Cariri (Crato-CE). 
Concluiu Mestrado em Letras na UFCG – Universidade Federal de Campina Grande (Cajazeiras-PB).
É professor de Língua Portuguesa, Literatura e Redação nas redes pública e particular de ensino.
Possui artigos científicos publicados em periódicos e livros acadêmicos.
Foi vencedor dos 6º e 7º Concursos Literários da SEDUC – Secretaria de Educação do Estado do Ceará, anos 2017 e 2018. Também venceu o Concurso Literário Um Encanto de Cordel, da Cartola Editora, ano 2019.
Sempre foi um entusiasta da cultura popular e da literatura de cordel. Foi cofundador do Memorial Padre Pedro Inácio Ribeiro (Brejo Santo-CE).
É casado com a psicopedagoga Maria Luciana Alves Lima Rocha com quem tem duas filhas: Wladja Luine Alves Rocha e Wanara Luísa Alves Rocha.
CONTATOS: davidwagner@bol.com.br
                     profwagnerdr@hotmail.com