A Munganga Promoção Cultural

A MUNGANGA PROMOÇÃO CULTURAL: O Brejo Isso!

domingo, 18 de agosto de 2019

Cordel: Brejo Santo e sua origem lendária



Especial 129 anos de Brejo Santo - CE
26 de agosto de 1890
26 de agosto de 2019

Parabéns, Terra da Pedra do Urubu!

Brejo Santo - CE, 1988. Acervo de Valmir Alves.


Brejo Santo e sua origem lendária

Apresentação

Brejo Santo é uma cidade
Nacionalmente conhecida
Mas listar aqui os motivos
Não é o que se objetiva.
Aqui vou falar da origem
Desta cidade nordestina.

Por isso, amigo(a) leitor(a)
Preste bastante atenção
Nesta lenda encantadora
Que se afirma na tradição
E que através da poesia
Eu faço a minha narração.

- 1 -
Num tempo muito distante
E difícil de precisar
Viviam nessas belas terras
Do extremo sul do Ceará
Os bravos índios Cariris
Únicos habitantes do lugar.

- 2 -
Conviviam com a natureza
Numa perfeita harmonia.
Moravam em ocas de palha
E da terra tiravam comida.
Sobreviviam da agricultura,
Da caça e da pescaria.

- 3 -
Mas os índios não sabiam
Que o tempo ia passando
E a mudança ali chegaria
Através do homem branco
Que em busca de riquezas
O interior foi explorando.

- 4 -
Num lugar bem perto dali
Hoje, chamado Porteiras
Morava uma viúva baiana
Inteligente e trabalhadeira
Seu nome é Maria Barbosa
Mulher de fibra e hospitaleira.

- 5 -
Juntamente com seus filhos
Cuidava da sua propriedade.
Se dedicava à agricultura
Sem preguiça e com verdade
Criava muitos animais
E deles tinha grande vaidade.

- 6 -
Durante uma seca medonha
Que atingiu toda a região
Trazendo escassez de água,
O sofrimento e a desolação,
Foi acabando aquela fartura
De animais e de plantação.

- 7 -
Muitos dos bichos morreram
De fome e desnutrição.
Outros, aos poucos viraram
Alimento de única opção.
Teve também os que fugiram
Em busca de alimentação.

- 8 -
Foi nesse clima de tristeza
E de muita preocupação
Que Dona Maria Barbosa
Numa atitude de precaução
Conferia o que ali restava
Para fazer sua previsão.

- 9 -
E foi num destes secos dias
Que ela sentiu que faltava
Alguns porcos no seu terreiro
E vendo que não encontrava,
Ordenou aos seus escravos
Que procurassem pela estrada.

- 10 -
Ao caminharem sem destino
Depois de alguns longos dias
Os porcos foram encontrados
Dando aos escravos alegria
De poder voltar para casa
Com os bichos e a boa notícia.

- 11 -
Quando D. Maria Barbosa
Viu chegar a sua comitiva,
Elogiou os seus escravos
E demonstrou muita alegria.
Mas como era muito esperta
Viu logo o que ninguém via.

- 12 -
Um sinal mais do que claro
De que nascia a esperança:
Os mocotós dos seus porcos
Estavam todos sujos de lama.
Era certa a presença de água
Ali perto daquela estância.

- 13 -
E sem pensar duas vezes
Querendo saber onde era,
Mandou os escravos de volta
Sem puxar muita conversa.
Dar fim aos efeitos da seca
Ela queria e tinha pressa.

- 14 -
Seguindo a mesma trilha
De onde os animais estavam,
Um pouco mais adiante
Os escravos encontraram
Uma nascença de água boa
E para casa logo voltaram.

- 15 -
Contaram tudo à viúva
Em riqueza de detalhes.
Que a terra descoberta
Tinha água e bons ares,
Despertando na patroa
Diversas possibilidades.

- 16 -
Após ouvir seus escravos
Com toda a sua atenção
Ela não teve mais dúvida
Tinha encontrado a solução
Era tudo que ela queria
Viver com melhor condição.

- 17 -
A viúva Maria Barbosa
Tinha prestígio político
Pediu a posse das terras
E o pleito foi atendido
Mudou-se para o lugar
Onde tudo seria tranquilo.

- 18 -
Com a mudança instalada
Maria Barbosa percebeu
A terra era muito extensa
E uma divisão procedeu
Separou em duas metades
Uma para cada filho seu.

- 19 -
Restaram dois sítios grandes
Que a nova dona os batizou
Sítio Nascença e Sítio Brejo
Que aos poucos se valorizou
Ficaram logo bem conhecidos
Por todo o povo que ali passou.

- 20 -
Com a morte da matriarca
Os sítios ficaram de herança
Para os dois filhos varões
Da saudosa viúva baiana
Que apesar da falta da mãe
Nunca perderam a esperança.

- 21 -
Francisco Pereira de Lima
Era um dos dois irmãos.
Ele herdou o Sítio Brejo
E ali continuou a missão.
Do outro filho de D. Maria
Não tem muita informação.

- 22 -
A tradição apenas registra
De forma bem misteriosa
Que herdou o Sítio Nascença
E vendeu sem muita demora.
O nome do novo proprietário
É Gonçalo de Oliveira Rocha.
  
- 23 -
Francisco Pereira de Lima
Pra honrar a mãe saudosa
Mudou o nome do seu sítio
Para o Brejo da Barbosa
E casou com distinta moça
Que se chamava Teodora.

- 24 -
Gonçalo de Oliveira Rocha
Homem de muitos planos
Era dono do Sítio Nascença
E pai dos nove irmãos Santos
Que depois foram os donos
Das terras de Brejo Santo.

- 25 -
A partir dessas duas famílias
A comunidade foi crescendo.
Os filhos de uma e de outra
Se uniram em casamentos
E o patrimônio das duas
Ficaram num só documento.

- 26 -
Mas o nome mais conhecido
Na região, nos quatro cantos
Como importante referência
Para chegar naquele recanto
Foi o daqueles nove irmãos
Chamados de irmãos Santos.

- 27 -
Se o sítio tinha outros donos
Todo mundo foi batizando
O lugar com o nome deles
E o povo inteiro foi chamando
Aquela grande porção de terra
De Sítio Brejo dos Santos.

- 28 -
O lugarejo foi crescendo
E atraindo mais moradores.
Gente unida, inteligente
E de bons articuladores
Que com muito trabalho e fé
Foram grandes conquistadores.

- 29 -
Sua emancipação política
Foi notícia em todo canto
26 de agosto de 1890
É a data deste marco e tanto
Finalmente com a toponímia
Simplificada para “Brejo Santo”.

Autor: Prof. Me. Wagner David Rocha



O Brejo é Isso!





DADOS DO AUTOR

Wagner David Rocha nasceu aos 10 dias do mês de janeiro de 1979, em Brejo Santo – Ceará, onde reside.
Filho primogênito do casal Francisco David dos Santos (Tico David) e Maria Núbia Marcelino da Rocha David (Núbia de Anita).
Fez o Ensino Fundamental na Escola Estadual Padre Pedro Inácio Ribeiro e o Ensino Médio no Colégio Padre Viana. Cursou Letras na Fachusc – Faculdade de Ciências Humanas do Sertão Central (Salgueiro-PE) e Especialização em Língua Portuguesa e Arte-Educação na URCA – Universidade Regional do Cariri (Crato-CE). 
Concluiu Mestrado em Letras na UFCG – Universidade Federal de Campina Grande (Cajazeiras-PB).
É professor de Língua Portuguesa, Literatura e Redação nas redes pública e particular de ensino.
Possui artigos científicos publicados em periódicos e livros acadêmicos.
Foi vencedor dos 6º e 7º Concursos Literários da SEDUC – Secretaria de Educação do Estado do Ceará, anos 2017 e 2018. Também venceu o Concurso Literário Um Encanto de Cordel, da Cartola Editora, ano 2019.
Sempre foi um entusiasta da cultura popular e da literatura de cordel. Foi cofundador do Memorial Padre Pedro Inácio Ribeiro (Brejo Santo-CE).
É casado com a psicopedagoga Maria Luciana Alves Lima Rocha com quem tem duas filhas: Wladja Luine Alves Rocha e Wanara Luísa Alves Rocha.
CONTATOS: davidwagner@bol.com.br
                     profwagnerdr@hotmail.com





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