O Cruzeiro do Serrote está erguido desde 1942. |
Compondo o complexo histórico popular do entorno da
Pedra do Urubu, está erigido o Cruzeiro, fincado no ponto mais alto do Serrote,
desde 1942.
Idealizada por dona Balbina Lídia Viana Arrais - A
Mestra, para além do pagamento de uma graça alcançada, foi um incentivo aos
paroquianos às peregrinações, a fim de devotarem sua fé ou de fazerem
penitência por ocasião da Quaresma. Até encenação da Via Sacra era realizada no
local.
Dona Balbina Lídia Viana Arrais - A Mestra. Foto: acervo de Maria Auriluce Arraes Bezerra. |
A tradição oral revela que, com o início das peregrinações, o local também se tornou um “campo santo”, utilizado para sepultamento de pessoas vítimas de epidemias, como a Hanseníase e Varíola. A seca, associada aos aglomerados de pessoas não vacinadas, vivendo em plena falta de higiene, facilitou a disseminação de bactérias e viroses, principalmente em grupos de indivíduos com maiores riscos e vulnerabilidade social, ali na região do Serrote. Por receio de risco de contaminação, não era permitido o sepultamento dos corpos no cemitério São João Batista.
Os recém-nascidos, popularmente chamados de
“anjinhos”, também eram sepultados no entorno do Cruzeiro do Serrote, como
pagãos (não batizados), pois somente poderiam ser enterradas no cemitério
pessoas batizadas pela Igreja. Até o fim da década de 1990, existem relatos de sepultamentos desses "anjinhos".
Visão geral da área do Serrote onde se encontram a Caixa D'água e o Cruzeiro: Monumentos Históricos do Município. Foto: Thales Luciano. |
Foto: Thales Luciano. |
Foto: Thales Luciano. |
Foto: Thales Luciano. |
Foto: Thales Luciano. |
Foto: Thales Luciano. |
Em conversa com monsenhor Dermival, o Reverendíssimo informou que, desde a sua chegada em Brejo Santo, em 1957, para atuar como Vigário Cooperador de padre Pedro Inácio Ribeiro, a orientação da Diocese, em relação às práticas de sepultamentos, seria para que todos os falecidos fossem enterrados no próprio cemitério local, reservando-se uma área específica para o sepultamento dos ditos “anjinhos”.
Ultimamente, no Cruzeiro do Serrote, realizam-se
manifestações religiosas esporádicas, como foi a missa celebrada no último dia
14 de setembro de 2019, em devoção à Santa Cruz. Para se ter uma ideia, antes
disso, a última missa realizada no local aconteceu há 12 anos.
Peregrinação da Santa Cruz ao Cruzeiro do Serrote, 14 de setembro de 2019. |
Registro da Missa celebrada em 14 de setembro de 2019. |
Registro da Missa celebrada em 14 de setembro de 2019. |
Registro da Missa celebrada em 14 de setembro de 2019. |
Registro da Missa celebrada em 14 de setembro de 2019. |
Do local, tem-se uma linda vista de todo o Brejo Santo.
A luz do sol se espraia por toda a várzea. Os restos de vela sobre as pedras,
ao redor do Cruzeiro, são um rastro de fé deixado por anos.
Visão do nascer do sol a partir do Cruzeiro do Serrote, com o Brejo ao fundo. |
O Cruzeiro do Serrote tornou-se Patrimônio
Histórico do Município de Brejo Santo, através da Lei Municipal n° 480/05, de
28 de junho de 2005.
Conheça outros pontos históricos da cidade tombados
através de Leis Municipais:
- A pedra denominada de “Urubu” em um raio de 15m²
em circunferência, através da Lei Municipal N° 346/99, de 28 de dezembro 1999;
Visão aérea da Pedra do Urubu e o seu entorno. Foto: Thales Luciano. |
- A pedra denominada de “Sapo” em um raio de 15m²
em circunferência, através da Lei Municipal N° 346/99, de 28 de dezembro 1999;
Monumento Histórico "Pedra do Sapo". |
- A pedra denominada de “Furna da Onça” em um raio
de 15m² em circunferência – através da Lei Municipal N° 346/99, de 28 de
dezembro 1999;
Monumento Histórico "Furna da Onça". |
- A área denominada de “Cacimbinha” em um raio de
15m² em circunferência, através da Lei Municipal N° 346/99, de 28 de dezembro
1999; (DESTRUÍDO)!
Monumento Histórico "Cacimbinha" (DESTRUÍDO). |
- Caixa d’água localizada no Serrote, erguido em
1953, através da Lei Municipal N° 480/05, de 28 de junho de 2005;
Monumento Histórico da Caixa D'água. |
- O Casarão localizado no final da Avenida coronel
Basílio Gomes, ao lado do cemitério São João Batista, erguido em 1908
(construído pelo capitão Antônio Leite Rabelo da Cunha), através da Lei
Municipal N° 480/05, de 28 de junho de 2005; (DESTRUÍDO)!
Monumento Histórico Casarão do capitão Antônio Leite Rabelo da Cunha, 1908. DESTRUÍDO! Foto: Blog do Mateus Silva. |
Monumento Histórico Casarão do capitão Antônio Leite Rabelo da Cunha, 1908. DESTRUÍDO! Foto: Blog do Mateus Silva. |
- O Casarão localizado na Avenida coronel Basílio
Gomes, cuja construção data de 1872 (residência do Cel. Basílio Gomes da
Silva), através da Lei Municipal N° 480/05, de 28 de junho de 2005.
Monumento Histórico Casarão do coronel Basílio Gomes da Silva, construída em 1872. |
Lei Municipal N° 346/99, de 28 de dezembro de 1999. |
Lei Municipal N° 480/05, de 28 de junho de 2005. |
Lei Municipal N° 480/05, de 28 de junho de 2005. |
Este texto é dedicado aos amigos Maria Auriluce Arraes Bezerra e
João Viana Arraes Neto, descendentes de dona Balbina.
O Brejo é Isso!
Bruno Yacub Sampaio Cabral
Pesquisador
Fontes de pesquisa:
- AMIC – CANAO, Amigos da Cultura – Casarão, Nascença e Outros, Balbina Lídia Viana Arrais – A Mestra, Brejo Santo – CE, 2007;
- Silva, Otacílio Anselmo e Silva, D. Balbina Lídia Vianna Arrais, em revista Itaytera, n° 18, Instituto Cultural do Cariri, Crato - CE, 1974;
- Leite, Maria Santana, Reminiscências, Brejo Santo - CE, 2000;
- Araújo, Francisco Alves, Veredas do Chão Nativo, Brejo Santo - CE, 2003;
- Silva, Otacílio Anselmo e, Esboço Histórico do Município de Brejo Santo, em revista Itaytera, N° 2, Instituto Cultural do Cariri, Crato - CE, 1956;
- Arquivo da Câmara Municipal de Brejo Santo - CE;
- Silva, Otacílio Anselmo e Silva, D. Balbina Lídia Vianna Arrais, em revista Itaytera, n° 18, Instituto Cultural do Cariri, Crato - CE, 1974;
- Leite, Maria Santana, Reminiscências, Brejo Santo - CE, 2000;
- Araújo, Francisco Alves, Veredas do Chão Nativo, Brejo Santo - CE, 2003;
- Silva, Otacílio Anselmo e, Esboço Histórico do Município de Brejo Santo, em revista Itaytera, N° 2, Instituto Cultural do Cariri, Crato - CE, 1956;
- Arquivo da Câmara Municipal de Brejo Santo - CE;
- Entrevista com o monsenhor Dermival de Anchieta
Gondim em 16 de setembro de 2019;
- Entrevista com Maria Auriluce Arraes Bezerra, em 16 e 17 de
setembro de 2019;
- Entrevista com o diácono Raimundo Tarcísio
Cabral, em 19 de setembro de 2019;
- Entrevista com Tony Santos (Tony da Pedra do Urubu), em 20 de setembro de 2019.
Links de artigos sobre Dona Balbina:
Dona Balbina Lídia Viana Arrais
Balbina Lídia Viana Arrais
A primeira Professora pública de Brejo Santo
Lançamento do Livro "Balbina Lídia Viana Arrais - A Mestra"
O Casarão da Família Viana Arrais
O Casarão dos Viana Arrais, um lar de saberes e ensinamentos
- Entrevista com Tony Santos (Tony da Pedra do Urubu), em 20 de setembro de 2019.
Links de artigos sobre Dona Balbina:
Dona Balbina Lídia Viana Arrais
Balbina Lídia Viana Arrais
A primeira Professora pública de Brejo Santo
Lançamento do Livro "Balbina Lídia Viana Arrais - A Mestra"
O Casarão da Família Viana Arrais
O Casarão dos Viana Arrais, um lar de saberes e ensinamentos
Museu da Pedra do Urubu, criado pelo ambientalista Tony Santos, iniciado em sua própria reisdencia.
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