Neste mês do município, quando comemoramos 130 anos de emancipação política de Brejo Santo, A Munganga trará, a cada sábado, um resgate fotográfico inédito da nossa cidade.
Façam essa viagem no tempo conosco.
A fotografia, registro de Basílio Neto, pioneiro retratista brejo-santense, provavelmente do final dos anos 30, apresenta, em destaque, ao fundo, o Paço Municipal, onde hoje fica a Rua Manoel Inácio de Lucena (Rua do Araújo), na altura da murada do Colégio Padre Pedro Inácio Ribeiro.
A pequena praça que se vê na foto homenageava a Independência do Brasil e chamava-se 7 de Setembro. Ali, destacava um busto de Getúlio Vargas.
O Paço era a sede dos poderes Executivo e Legislativo.
O casarão dos Viana Arrais localizava-se à esquina do admirável edifício. É possível ver, entre as árvores, algumas portas da casa de dona Balbina.
Dona Marineusa nos conta um pouco desse tempo perdido.
O PAÇO MUNICIPAL
(texto de Marineusa Santana)
"A sua presença imponente embelezava, com o lábaro hasteado, e dava um tom de brasilidade à rua da Igreja. Bastava olhá-lo e constatar que dentro de mim brotava um sentimento de patriotismo, talvez porque ali funcionava a Prefeitura Municipal e ainda tínhamos, naquela época, muito amor, carinho e respeito pela pátria e alimentávamos esperança por dias melhores.
Era o térreo ladeado à sua esquerda por uma escada que dava acesso ao primeiro andar, de onde tínhamos uma vista belíssima.
Seu piso era de madeira em toda a extensão do primeiro andar. Havia três portas que davam acesso à sacada frontal, local de onde os oradores proferiam seus discursos nos dias de festas cívicas, como por exemplo no dia da Pátria e de onde se deliciavam com a vista do comércio, da praça da Igreja, do chalé do Sr. Manoel Leite, enfim de boa parte da cidade. Dos fundos, podia-se apreciar a natureza exuberante através da vista do riacho, da cacimba do boi, da cacimba de vovó Luzia, do Serrote, da Taboqueira com seus coqueirais acenando para a amplidão com o movimento cadenciado de suas palmas e com o espetáculo oferecido pelos urubus com as suas acrobacias como se fossem paraquedistas.
Sinto, até hoje, revolta por ter sido aquele edifício demolido. Povo que não preserva sua memória perde sua identidade cultural e destrói sua própria história."
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